PGR de Maduro abre investigação sobre Corina e González
Oposição da Venezuela publicou uma carta nesta segunda-feira, 5 de agosto, pedindo às Forças Armadas que "se coloquem ao lado do povo"
O procurador-geral do regime de Nicolás Maduro (foto), na Venezuela, Tarek William Saab, anunciou a abertura de uma investigação sobre os líderes da oposição, María Corina Machado e Edmundo González Urrutia.
A ação do PGR de Maduro se dá após María Corina e González publicarem uma carta nesta segunda-feira, 5 de agosto, pedindo às Forças Armadas que “se coloquem ao lado do povo” e reconheçam a eleição do opositor. González assinou a carta como “presidente-eleito”.
“O Ministério Público da República Bolivariana da Venezuela informa ao país que em consequência da divulgação de um Comunicado do ex-candidato Edmundo González e da cidadã María Corina Machado onde, fora da Constituição e da Lei, anunciam falsamente um vencedor do eleições presidenciais que não sejam as proclamadas pelo Conselho Nacional Eleitoral, único órgão habilitado para tal, e nas quais se faz um incitamento aberto aos responsáveis policiais e militares para desobedecerem às leis; decidiu abrir uma investigação criminal contra ambos os signatários do documento inválido”, diz despacho de Saab.
A ditadura chavista, que controla as autoridades eleitorais, não liberou as atas das seções eleitorais até esta segunda, mais de uma semana após o pleito. Enquanto isso, apuração da base de María Corina e González aponta vitória do candidato opositor com 67% dos votos.
A PGR de Maduro investiga os líderes opositores pelos crimes de “Usurpação de Funções, Divulgação de Informação Falsa para Causar Angústia, Instigação à Desobediência de Leis, Instigação à Insurreição, Associação à prática de Crime e Conspiração”.
Como a oposição reagiu?
O secretário político do Vente Venezuela, partido de María Corina, José Amalio Graterol, denunciou o ato da PGR de Maduro.
“Tarek mordeu a isca, a conspiração e o golpe contra a soberania popular são claros”, escreveu Graterol no X.
Edmundo González é o presidente eleito de todos os venezuelanos e Tarek Williams Saab levanta-se publicamente numa atitude hostil contra o presidente eleito. Golpe de Estado.
Como Tarek Saab protegeu Odebrecht?
A Odebrecht pagou 173 milhões de dólares (hoje, quase 1 bilhão de reais) em propinas e financiamentos ilegais de campanhas venezuelanas ao longo de oito anos, de acordo com as indicações de documentos e depoimentos (inclusive de Euzenando) reunidos no Brasil e na Venezuela durante a investigação conduzida pela então procuradora-geral daquele país, Luisa Ortega Díaz.
Em 2017, no entanto, sob acusação de “traição”, Luisa foi destituída pela plenipotenciária Assembleia Nacional Constituinte (ANC), integrada exclusivamente por oficialistas do regime, fugiu para o exterior e seu trabalho foi invalidado e abandonado por Tarek William Saab, o cupincha de Maduro que a ANC colocou em seu lugar na Procuradoria e que atualmente persegue e denuncia opositores como María Corina Machado, como mostrei no X e no Papo Antagonista em 29 de julho, além de aplaudir o ditador diante de sua sanha autoritária e persecutória.
Ainda em 2017, o deputado opositor Juan Guaidó, então presidente da comissão de Controladoria da Assembleia Nacional, comandou uma sessão para discutir denúncias feitas pela ex-procuradora-geral. A Venezuela, de acordo com ele, havia fechado contratos públicos com a Odebrecht no valor de pelo menos 22 bilhões de dólares (hoje, mais de 126 bilhões de reais) para sete obras que seguiam inconclusas, entre elas uma usina hidrelétrica, projetos ferroviários e três pontes. A segunda ponte sobre o Lago de Maracaibo tinha 11 anos de atraso, 3.000% de supervalorização e apenas 36% de execução, segundo Guaidó.
“São 22 bilhões de dólares envolvidos em contratações, mais que o dobro das reservas internacionais da Venezuela, suficiente para pagar toda a dívida comercial do país”, detalhou o deputado do partido Vontade Popular (VP).
Em troca, a Odebrecht teria sido favorecida em mais de uma dezena de contratos públicos entre 2006 e 2014. A investigação de Luisa Ortega Díaz apontava que mais de 30 milhões de dólares [hoje, mais de 171 milhões de reais] haviam sido destinados pela construtora à campanha de Maduro de 2013, a mesma que contou com o vídeo de apoio de Lula. Parte do dinheiro – 9,93 milhões de dólares – foi transferida a partir do Meinl Bank, no qual a Odebrecht mantinha contas que utilizava para fazer pagamentos não contabilizados.
Leia também: Delação de Monica Moura explica elo de Lula e Maduro
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)