Paulo Roberto de Almeida na Crusoé: Falta discutir a relação?
O sentido, a existência e as funções do G7 têm muitas explicações, além das inevitáveis teorias conspiratórias sobre o complô secreto dos poderosos para continuar mandando no mundo, desde os Illuminati e maçons, até a Comissão Trilateral e o grupo Bilderbeg...
O sentido, a existência e as funções do G7 têm muitas explicações, além das inevitáveis teorias conspiratórias sobre o complô secreto dos poderosos para continuar mandando no mundo, desde os Illuminati e maçons, até a Comissão Trilateral e o grupo Bilderbeg (esse, o preferido do falecido polemista Olavo de Carvalho para simbolizar o poder globalista que atuava nas sombras, juntando ricaços como George Soros, esquerdistas gramscianos reciclados nos temas das minorias e “burocratas não eleitos da ONU”). A explicação mais plausível é, evidentemente, a que deriva do fracasso da superpotência econômica do pós-Segunda Guerra em administrar as obrigações derivadas de seus compromissos contraídos em Bretton Woods (1944), que montou a ordem econômica mundial tal como existe ainda hoje (com as mudanças inevitáveis que se seguiram).
Com efeito, o G7 – primeiro sob a forma de G5 – surgiu depois que Richard Nixon, o conservador subitamente tornado keynesiano quando conferiu, com seu secretário do Tesouro, que Fort Knox não teria ouro suficiente, não apenas para satisfazer o satânico Dr. No, de Ian Fleming, no primeiro filme da série James Bond, mas sobretudo para atender aos reclamos de muitos países da esfera americana, que estavam inundados de dólares provenientes da generosidade americana durante a Guerra Fria, frente às balanças deficitárias contra o formulador e dono do padrão ouro-dólar estabelecido na famosa conferência do New Hampshire, que criou o FMI e o Banco Mundial. Entre 1945 e 1971, os Estados Unidos supostamente cumpriram razoavelmente o seu papel de prover um meio circulante mais ou menos estável para irrigar os intercâmbios internacionais e permitir um mínimo de estabilidade nas paridades das principais moedas conversíveis.
Claro que essas obrigações eram teóricas, pois os países capitalistas que seguiam o patrão de charuto e cartola não contavam com a astúcia do banqueiro mundial, o dono da única moeda confiável na difícil conjuntura do pós-guerra, quando se podia, com uma cédula de dólar, comprar virtualmente qualquer coisa entre o deserto da Mongólia e as savanas africanas, sem que fosse preciso dar qualquer explicação sobre a validade daquele pedaço de papel verde. Essa astúcia consistiu em viver à larga durante os anos de enfrentamento com a satânica URSS, financiando seus déficits bilaterais com os aliados com fartas emissões de verdinhas, também usadas para instalar bases militares em todos os cantos do mundo e tropas de ocupação nos grandes derrotados: Alemanha e Japão (a Itália não precisava, ela já estava sendo naturalmente americanizada durante os anos de glamour da Cinecittà). Foi assim que os “ocupados” e “tutelados” desde Washington se viram virtualmente submergidos com milhões de dólares, sem que precisassem de tudo aquilo para pagar suas importações dos Estados Unidos, inclusive porque esses foram tolerantes com as discriminações comerciais que sofriam de europeus e japoneses.
O general De Gaulle…
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