O mundo reconhece Toffoli: “The friend of my father’s friend”
Revista britânica 'The Economist' cita censura à Crusoé de 2019 em matéria sobre aumento da corrupção na América Latina, com destaque ao Brasil e à reação dos políticos à Lava Jato
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Antonio Dias Toffoli é o protagonista em reportagem publicada pela The Economist sobre o aumento da corrupção na América Latina (foto). A revista britânica destaca a suspensão de pagamentos acordados por Novonor (antiga Odebrecht) e J&F, da mesma forma como O Antagonista vem destacando há semanas, e chama atenção também para censura à Crusoé em 2019.
The Economist diz o seguinte, mencionando o famigerado “the friend of my father’s friend”:
“As recentes decisões de Sr. Toffoli mostram que a reação contra os esforços anticorrupção continua. O próprio juiz já foi citado na Lava Jato. Em 2019, a Crusoé, veículo investigativo brasileiro, publicou uma reportagem sobre e-mails enviados em 2007 pelo chefe da Odebrecht, que se referia ao Sr. Toffoli, então advogado-geral, como ‘o amigo do amigo do meu pai’.
A matéria apontava que ‘amigo do meu pai’ era uma referência a Lula, então presidente. Ele nomeou Toffoli para o Supremo Tribunal em 2009. Depois que a história foi publicada, o Supremo Tribunal considerou a reportagem uma ‘notícia falsa’ e ordenou que ela fosse apagada da Internet. Apenas o clamor público forçou a reversão da decisão.”
América Latina
A reportagem diz que as decisões de Toffoli sobre os pagamentos de Novonor e J&F “correspondem a um novo agravamento da percepção da corrupção em toda a região” e destaca a queda de dez posições do Brasil no Índice de Percepção da Corrupção de 2023, divulgado pela Transparência Internacional.
“O Peru caiu 20 posições, colocando-se entre os países considerados os mais corruptos do mundo. A maioria dos países latino-americanos teve resultados piores do que os seus níveis de desenvolvimento sugerem que deveriam”, constata a revista britânica.
The Economist destaca ainda problemas no Haiti, no México e na Guatemala, e diz que as raízes da retaliação contra o combate à corrupção “encontram-se no drama das investigações anticorrupção na região”, com destaque para a Operação Lava Jato.
Gilmar também apareceu
Segundo a reportagem, “poucas pessoas no Brasil ainda querem falar sobre corrupção, exceto para expressar desdém pela Lava Jato”. “Gilmar Mendes, juiz do Supremo Tribunal, a considera produto de interferência estrangeira, ‘propaganda’ dos meios de comunicação e ‘combatentes anticorrupção [que] gostam muito de dinheiro’“.
O texto termina dizendo que “O Antigo Regime tem lutado e vencido”, mas avisa: “Deve ter cuidado. Numa pesquisa nacional divulgada em 3 de março, uma pluralidade de brasileiros disse que a Lava Jato foi encerrada devido a interesses políticos. Um total de 74% dos entrevistados acreditam que as decisões recentes do Supremo Tribunal ‘encorajam a corrupção'”.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)