Na cúpula do G7, Meloni e Macron trocam farpas sobre aborto
Meloni, que se opõe veementemente ao aborto, criticou a insistência de Macron em propagandear as suas conquistas em relação ao acesso ao "aborto seguro e legal" na França
Giorgia Meloni, primeira-ministra italiana, trocou farpas com o presidente francês Emmanuel Macron durante encontro da Cúpula do G7.
A líder italiana, que foi a única na mesa do G7 apoiada pelas eleições para o Parlamento Europeu da semana passada, saindo bastante fortalecida, discordou que os comentários de Macron sobre o seu esforço bem-sucedido para remover as barreiras ao “acesso ao aborto seguro e legal” fossem incluídas no comunicado final do G7.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, acusou o presidente francês de campanha eleitoral na cimeira do G7 no sul de Itália, semanas antes de uma votação antecipada na França, que ele convocou numa tentativa de evitar o que denominou de ascensão da extrema-direita.
“Acredito que é profundamente errado, em tempos difíceis como estes, fazer campanha usando um fórum precioso como o G7”, disse Meloni.
“Vocês não têm a mesma sensibilidade no país de vocês”, disse Macron aos jornalistas italianos, depois de dizer que era “lamentável” que a referência ao aborto tivesse sido removida: “A França tem uma visão de igualdade entre mulheres e homens, mas não é uma visão partilhada por todo o espectro político.”
A força política de Meloni prevaleceu e o projeto de declaração final da Cúpula do G7 não inclui qualquer referência direta ao direito ao aborto, devido justamente à oposição da presidência italiana.
Os Estados Unidos, a França e a UE, em particular, queriam manter a redação da declaração do G7 em Hiroshima em 2023, garantindo “acesso ao aborto seguro e legal e aos serviços de cuidados pós-aborto”, mas desistiram por falta de acordo com Giorgia Meloni, cujo país detém a presidência rotativa do G7.
A luta pró-vida na Itália
Meloni se opõe veementemente ao aborto. Embora tenha se comprometido mas a manter o projeto de lei de 1978 que legalizou o procedimento na Itália, seu governo de Meloni aprovou em abril um pacote de iniciativas que inclui diversas medidas a favor do direito à vida.
O pacote centra-se na sensibilização social para diminuição do aborto, reforçando a ação das associações pró-vida e incluindo medidas como aconselhamento dentro dos hospitais, a oferta de ouvir os batimentos cardíacos do feto ou a realização de ecografias às mulheres que procuram fazer um aborto. Por conta dessas iniciativas, feministas italianas acusaram o partido Fratelli d´Italia, de Meloni, de estigmatizar as mulheres que procuram interromper gravidezes indesejadas.
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