Morte misteriosa de denunciante da Boeing levanta suspeitas
A morte de Barnett foi descrita como resultante de uma "lesão auto infligida", mas a polícia ainda segue investigando as circunstâncias
John Barnett, ex-funcionário e denunciante de irregularidades na gigante aeroespacial, foi encontrado morto nos Estados Unidos. Com uma carreira de 32 anos na empresa, culminando em sua aposentadoria em 2017, Barnett ficou famoso ao levantar questões sobre os padrões de produção da Boeing, particularmente na planta de North Charleston, responsável pela fabricação dos 787 Dreamliner.
Nos dias que antecederam sua morte, Barnett estava ativamente envolvido em um processo judicial contra a Boeing, testemunhando como parte de uma ação movida por denunciantes que acusavam a empresa de práticas inadequadas. A morte de Barnett foi descrita como resultante de uma “lesão auto infligida”, mas a polícia ainda segue investigando as circunstâncias.
As revelações de Barnett à BBC em 2019 sobre a instalação intencional de peças de qualidade inferior e sérios problemas nos sistemas de oxigênio dos 787 Dreamliner levantaram preocupações. Ele descreveu um ambiente de pressão extrema sobre os trabalhadores para acelerar a produção, o que, segundo ele, comprometeu a segurança das aeronaves.
A Boeing, por sua vez, negou as alegações de Barnett. No entanto, uma revisão de 2017 pela Administração Federal de Aviação dos EUA corroborou algumas de suas preocupações, destacando a perda de rastreamento de pelo menos 53 peças irregulares na fábrica.
A trágica morte de Barnett ocorre em um contexto de crescente escrutínio sobre os padrões de produção da Boeing e de seu principal fornecedor, a Spirit Aerosystems, após incidentes envolvendo o Boeing 737 Max. Uma auditoria recente pela agência reguladora de aviação dos EUA revelou inúmeras falhas no processo de fabricação da empresa, incluindo o uso inadequado de detergente no lugar de lubrificante na montagem de algumas partes do Boeing 737 Max.
Esse contexto coloca em evidência não apenas as alegações específicas de Barnett, mas também o ambiente mais amplo de questões de segurança e práticas de produção na Boeing.
A empresa prometeu implementar mudanças significativas após as descobertas da auditoria do governo, sublinhando a necessidade de uma revisão abrangente de suas operações para garantir a segurança e a qualidade, além de restaurar a confiança do público e dos seus clientes.
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