Milei vence eleição e amplia controle no Congresso
Governo obtém 40,8% dos votos e 64 das 127 cadeiras em disputa na Câmara; participação eleitoral é a menor desde 1983
Javier Milei conquistou neste domingo, 26, uma vitória expressiva na eleição legislativa da Argentina. Seu partido, A Liberdade Avança, consolidou-se como a principal força política do país.
Com 98% das urnas apuradas, o governo obteve 40,8% dos votos e garantiu 64 das 127 cadeiras da câmara dos deputados. No Senado, conquistou 14 das 24 vagas em disputa, segundo a Justiça Nacional Eleitoral. O resultado fortalece o plano de reformas econômicas do Executivo e altera o equilíbrio de forças no Congresso.
A eleição teve a menor participação desde a redemocratização em 1983. Apenas 67% dos eleitores compareceram às urnas, de acordo com dados oficiais. Foi também a primeira eleição nacional com cédula única de papel, medida criada para reduzir custos e acelerar a contagem. Apesar de filas em alguns locais, o processo transcorreu sem incidentes graves, segundo a Câmara Nacional Eleitoral.
O governo venceu em 15 das 24 províncias argentinas, incluindo Buenos Aires, onde havia sido derrotado em setembro.
O desempenho surpreendeu analistas e consolidou o avanço da base governista.
Em discurso no Hotel Libertador, Milei afirmou: “O povo argentino decidiu deixar para trás cem anos de decadência e persistir no caminho da liberdade, do progresso e do crescimento”. Ele agradeceu a ministros e aliados e declarou o início da “Argentina grande”.
A nova composição do Congresso deve facilitar a aprovação de projetos e a manutenção de vetos presidenciais.
Segundo estimativas de observatórios independentes, a base de Milei passa a ter o terço necessário para impedir derrubadas de vetos, embora siga sem maioria própria. Analistas políticos apontam que o governo ainda dependerá de acordos pontuais com a oposição tradicional.
A vitória ocorre após meses de desgaste. Em agosto, o Ministério Público e veículos locais divulgaram áudios atribuídos a um ex-diretor da Agência Nacional de Deficiência.
As gravações citavam suposta cobrança de propina envolvendo Karina Milei, irmã do presidente e secretária-geral da Presidência. O caso levou a investigações e afetou a imagem do governo, que vinha em queda desde derrotas eleitorais anteriores.
O contexto econômico e diplomático também foi decisivo. Poucas semanas antes da votação, o Banco Central argentino firmou com o Tesouro dos Estados Unidos um acordo de US$ 20 bilhões em swap cambial.
A derrota enfraqueceu ainda mais o peronismo. O movimento, já fragilizado pela condenação da ex-presidente Cristina Kirchner, perdeu presença no Congresso.
Kirchner cumpre prisão domiciliar desde junho, após decisão definitiva da Suprema Corte, e está impedida de exercer cargos públicos. O governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, reconheceu o avanço de Milei, mas alertou: “O governo tem ainda mais responsabilidade agora”.
Com a apuração praticamente encerrada, a Direção Nacional Eleitoral deve confirmar nos próximos dias a composição final por província.
A vitória dá fôlego político a Milei para acelerar medidas de austeridade e privatizações, mas exigirá articulação constante com a oposição para garantir a aprovação de reformas estruturais no Congresso argentino.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (1)
Ita
27.10.2025 15:00Não é futebol, vamos torcer pela Argentina porque só, indivíduos ou nações, estarão bem se seus vizinhos também estiverem.