Milei adia dolarização da Argentina para 2025
Em entrevista à CNN en Español, Milei disse que a promessa de campanha só será levada adiante após as eleições legislativas
O presidente da Argentina, Javier Milei, descartou a dolarização da economia argentina ainda em 2024.
Em entrevista à CNN en Español, veiculada no domingo, 31, ele disse que a promessa de campanha só será levada adiante após as eleições legislativas de 2025.
“Não creio que chegaremos lá antes das eleições legislativas do ano que vem, mas o objetivo continua existindo”, afirmou.
O libertário argentino já havia dito que a dolarização da economia só seria realizada após seu governo limpar o balanço do banco central e reformar o sistema financeiro do país. Milei, no entanto, não sinalizou datas para cumprir tais objetivos.
O fechamento do BC argentino
Na entrevista, Milei reafirmou que fechará a autoridade monetária da Argentina após a reforma do sistema financeiro do país.
“Podemos fazer todas as reformas que quisermos, mas se deixarmos o banco central viver, mais cedo ou mais tarde, políticos delinquentes vão usá-lo para roubar o povo”, disse.
A dolarização
Como mostrou Crusoé na reportagem “Dá para dolarizar, Milei?”, dolarizar a economia é abolir a moeda nacional e determinar a sua substituição pelo dólar, que passa a valer em todas as transações que envolvam as pessoas, as empresas e o Estado.
“Mas não é só isso. Trata-se, no fundo, de garantir ao mundo que um país sem credibilidade não poderá mais sucumbir à tentação de desvalorizar bruscamente sua moeda para reduzir o peso da dívida pública – uma medida dramática, voltada a melhorar a percepção de risco de credores e investidores. Milei vai ainda mais longe, pois promete abolir também o Banco Central argentino, abrindo mão até mesmo de uma política de juros independente. Em contraste com o Brasil, por exemplo, onde o Banco Central procura influir no ritmo da atividade econômica (e, portanto, da inflação) aumentando ou baixando a taxa Selic, a Argentina se acomodaria às escolhas do Federal Reserve, o BC americano.”
Obviamente, há riscos nessa estratégia, já que nem sempre os ciclos econômicos dos Estados Unidos e da Argentina estarão alinhados.
Não por acaso, a dolarização é algo raro de acontecer em países soberanos. Na América Latina, o único exemplo até a virada do milênio era o Panamá, um satélite dos Estados Unidos na América Central.
Em 2001, foi a vez de El Salvador, cujas remessas enviadas por salvadorenhos que vivem nos Estados Unidos respondem por 25% do PIB do país.
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