Mianmar: 144 mortos já confirmados após terremoto
Militares apelam por ajuda internacional diante do colapso de hospitais e infraestrutura; prédio desaba na Tailândia

Um terremoto de magnitude 7,7 atingiu o centro de Mianmar nesta sexta-feira, 28, deixando ao menos 144 mortos e 732 feridos, segundo a junta militar que governa o país desde o golpe de 2021.
O tremor, sentido em diversas partes do Sudeste Asiático, causou destruição em cidades como Mandalay e Naypyidaw, e provocou o colapso de um prédio em construção em Bangkok, capital da Tailândia, matando pelo menos sete pessoas e deixando dezenas desaparecidas.
O epicentro do sismo foi próximo à cidade de Mandalay, onde médicos relataram superlotação no principal hospital da região. “Não temos espaço para ficar em pé”, disse o cirurgião Kyaw Zin ao The New York Times.
Equipes médicas improvisaram atendimentos no estacionamento, onde pacientes deitados no chão suportavam o calor de quase 40 °C. A estrutura do hospital entrou em colapso parcial, e o fornecimento de energia foi interrompido.
Uma das vítimas, Daw Kyi Shwin, de 45 anos, perdeu a filha de 3 anos quando sua casa desabou durante o almoço. “Tentei correr até ela, mas antes que conseguisse, os tijolos caíram sobre mim também”, relatou, sangrando, à imprensa local.
O regime militar declarou estado de emergência em seis regiões, incluindo Sagaing, Bago e Shan. A destruição se concentrou nas áreas sob controle do governo, que apelou pela primeira vez por ajuda internacional.
O general Zaw Min Tun afirmou que Mianmar “precisa e quer” auxílio humanitário externo, num gesto raro vindo de um regime tradicionalmente fechado.
Na Tailândia, a primeira-ministra Paetongtarn Shinawatra decretou emergência em Bangkok. Um arranha-céu em construção desmoronou, deixando 70 pessoas desaparecidas e outras 20 presas em um elevador.
As imagens do colapso mostram o pânico de pedestres e trabalhadores. Piscinas nos topos de hotéis transbordaram, e prédios comerciais e residenciais foram evacuados.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, os esforços de socorro enfrentam dificuldades devido à destruição das redes de comunicação e infraestrutura.
O Ava Bridge, em Mandalay, desabou sobre o rio Irrawaddy, e a censura imposta pela junta militar dificulta o acesso a informações precisas nas áreas afetadas. Muitos residentes dependem de conexões via satélite para relatar a situação.
A região de Mandalay, segundo a ONU, está sobre uma das zonas sísmicas mais ativas do planeta, onde placas tectônicas se comprimem e provocam tremores de alta intensidade. Um abalo secundário de magnitude 6,4 foi registrado minutos após o principal.
A junta militar, sob sanções internacionais e acusada de crimes contra a humanidade, enfrenta uma das maiores crises desde o golpe.
Especialistas alertam que a fragilidade do regime e a catástrofe natural podem aprofundar o colapso humanitário no país, onde mais de 20 milhões de pessoas já vivem em situação de insegurança alimentar.
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