Márcio Coimbra na Crusoé: Sinais de Washington
Um atentado, uma desistência, uma nova candidata e um novo companheiro de chapa: nestes últimos dias aconteceu de tudo na campanha eleitoral
Desembarquei em Washington no dia seguinte ao atentado contra Donald Trump e a sensação entre os políticos com quem conversei era a mesma. A eleição estava decidida e o republicano poderia preparar o terno para a posse. Se a convenção que ocorreria em Milwaukee era apenas uma formalidade, tudo indicava que a eleição que teríamos pela frente poderia seguir enredo similar.
Os últimos dias estão sendo de intensa movimentação, algo atípico para esta época do ano, tanto pelo calor que invade a capital americana, como pelas férias de verão que esvaziam a cidade nestes meses. Porém, tudo mudou diante de um ano eleitoral como este que estamos presenciando: Um atentado, uma desistência, uma nova candidata e um jovem senador de Ohio como companheiro de chapa. Nestes últimos dias aconteceu de tudo na campanha eleitoral.
A desconfiança sobre a saúde e o vigor de Biden escondia angústias maiores. Além da Casa Branca estarão em disputa diversos cargos, como governos estaduais, a totalidade da Câmara de Representantes e 1/3 do Senado. Isto representa poder político. Sem um candidato a presidente que impulsione estas candidaturas, as chances de os democratas perderem governos, enxergarem os republicanos dominar o Senado com folga e sofrerem uma surra de proporções épicas na Câmara era uma realidade.
Neste momento entrou em campo o establishment do Partido Democrata, decidido a afastar Biden e unir as bases em torno de um nome comum. O processo durou toda a semana até o anúncio de domingo, quando o partido emergiu unificado em torno do nome de Kamala Harris, como já havia sido definido nos altos círculos de poder. Ela herda as doações, os delegados e apoios. Em menos de 24 horas, todos os 50 diretórios estaduais e principais cardeais democratas já haviam anunciado o endosso ao seu nome. A convenção em Chicago, em 19 de agosto, servirá apenas para sua consagração e formalização eleitoral.
Ao optar por Harris como candidata, os democratas mostram que ainda tentarão manter a Casa Branca, porém o mais importante neste momento é evitar o pior e brigar para manter a dignidade do partido, lutando de forma viável pelas vagas no Congresso e pelo controle de governos estaduais. A primeira missão de Kamala é ajudar a impulsionar os democratas nessas disputas e evitar o massacre eleitoral que se desenhava com Biden. A disputa pela Casa Branca é apenas a consequência deste movimento ou o instrumento para operar a máquina nacional democrata com alguém capaz de puxar votos locais.
Apesar do frenesi…
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