Maduro adere à narrativa bolsonarista sobre urnas brasileiras
Ao tentar defender sua farsa eleitoral, marcada para se consumar no domingo, 28, ditador venezuelano mentiu sobre o sistema eleitoral brasileiro: "Não auditam nem uma ata no Brasil"
O ditador Nicolás Maduro (foto) pôs em dúvida o sistema eleitoral brasileiro, entre outros, para defender sua farsa eleitoral na Venezuela. No mesmo dia em que receitou chá de camomila para Lula, que se disse “assustado” com sua ameaça de “banho de sangue” em caso de derrota, o herdeiro de Hugo Chávez aderiu à narrativa bolsonarista sobre as urnas brasileiras.
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“Primeiro precisamos deixar claro para a extrema-direita que eles devem respeitar o processo eleitoral. Que nós vamos vencer novamente. E que na Venezuela haverá democracia, liberdade e paz. Que temos o melhor sistema eleitoral do mundo. Ele tem 16 auditorias”, discursou Maduro, cuja ditadura prendeu 125 pessoas por razões políticas neste ciclo eleitoral, segundo a ONG venezuelana Acesso à Justiça.
Maduro seguiu: “E é feita uma auditoria em tempo real, como vocês sabem, em 54% das seções eleitorais. Em que outro lugar do mundo eles fazem isso? Nos Estados Unidos? O sistema eleitoral lá é impossível de auditar. No Brasil? Não auditam nem uma ata no Brasil. Na Colômbia? Não auditam nem uma ata. Na Venezuela, auditamos, em tempo real, na própria seção eleitoral, 54%.”
Mentira
O ditador venezuelano mente. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou, em julho de 2021, um vídeo bem didático sobre a possibilidade de auditoria das urnas brasileiras.
O vídeo diz o seguinte: “Tudo isso pode ser auditado antes, durante e depois de uma votação. Antes, os códigos-fonte dos programas usados na urna eletrônica podem ser conferidos no Tribunal Superior Eleitoral. Durante todo o processo eleitoral, é possível checar e auditar os programas usados na totalização. E depois de uma votação, tudo fica registrado nos boletins de urna. Quer conferir os resultados da sua sessão, da sua cidade ou do país inteiro? Você pode!”.
Maduro seguiu em seu discurso, sobre a alegada “auditoria em tempo real” da Venezuela: “Isso foi estabelecido pela grande [ex-presidente do Conselho Eleitoral Nacional] Tibisay Lucena [1959-2023]. Que descanse em paz e esteja na glória do Senhor. Isso foi estabelecido pela revolução bolivariana. Então, extrema direita, demônios e demônias, não quero show, nem choradeira, porque no dia 28 vamos dar uma surra neles! Não quero show!”.
Perseguição
A campanha eleitoral venezuelana tem sido alvo de críticas em todo o mundo, com raríssimas exceções, como o Itamaraty do governo Lula. O assessor especial da Presidência Celso Amorim, que comanda a política externa brasileira, afirmou em entrevista na terça-feira, 23, que a eleição na Venezuela é uma “ocasião de demonstrar que a democracia está consolidada e que não há razão para sanções“.
O candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, e a líder da oposição, María Corina Machado, têm enfrentado bloqueio de estradas para chegar aos comícios. Frentistas de postos de gasolina se recusam a abastecer seus carros com medo de represálias. A equipe também teve carros vandalizados por chavistas. Um imóvel em que eles estavam hospedados foi assaltado.
Uma ordem não declarada dada aos veículos oficiais proíbe que candidatos da oposição sejam entrevistados. A censura já fechou 47 sites, catorze rádios e duas agências de checagens. Dos 4 milhões de venezuelanos que vivem no exterior e poderiam votar, apenas 506 conseguiram a autorização para exercer esse direito.
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