Lula apela a atenuante para não chamar Maduro de ditador
"É um governo com viés autoritário, mas não é uma ditadura como a gente conhece tantos nesse mundo", disse o presidente brasileiro, que agora reclama de nota do PT
Lula (foto) segue tentando adequar seu discurso para justificar o injustificável suporte do governo brasileiro ao ditador venezuelano Nicolás Maduro. Em entrevista concedida à Rádio Gaúcha na manhã desta sexta-feira, 16, o presidente brasileiro se recusou mais uma vez a chamar Maduro de ditador, limitando-se a dizer que o que há na Venezuela é “um governo com viés autoritário”, “um regime muito desagradável”.
Leia também: O último fiasco diplomático de Lula na Venezuela é o pior de todos
Questionado sobre a nota em que o PT, seu partido, celebrou a declaração de “vitória” de Maduro, Lula disse nesta sexta que “o partido não é obrigado a fazer o que o governo quer” e que não concorda com a nota. “Eu não penso igual à nota, mas eu não sou da direção do PT”, comentou.
São palavras bem diferentes das usadas pelo petista quando se manifestou pela primeira vez sobre a nota do PT. Ao dizer que o que ocorre na Venezuela “é um processo normal”, Lula declarou o seguinte em 30 de julho:
“A nota do Partido dos Trabalhadores reconhece… elogia o povo venezuelano pelas eleições pacíficas de houveram (sic). E, ao mesmo tempo, ele reconhece que o tribunal eleitoral já reconheceu o Maduro como vitorioso, mas a oposição ainda não. Então tem um processo.”
Mesma lenga-lenga
Nesta sexta, Lula repetiu a lenga-lenga das atas, que o regime de Maduro já deixou bem claro que não vai apresentar. “Teve uma eleição. A oposição fala ‘eu ganhei as eleições’, o Maduro fala ‘eu ganhei as eleições’. O que eu tô pedindo, para para poder reconhecer? Eu quero pelo menos saber se foi verdade os números. Cadê a ata, cadê a aferição das urnas?”, questionou.
O petista também disse que a oposição teria de mostrar as atas para provar que ganhou. Os opositores ao regime de Maduro já mostraram as atas que conseguiram reunir, e elas apontam uma vitória categórica de Edmundo González Urrutia.
Lula disse ainda que chegou a ser informado pelo regime de Maduro que seu assessor especial para assuntos internacionais, o chanceler paralelo Celso Amorim, não deveria ir para a Venezuela para acompanhar a votação de 28 de julho. Segundo ele, após ameaça de anunciar isso para a imprensa, “eles deixaram o Celso Amorim ir”.
Guaidó
Na tentativa de defender sua posição sobre a Venezuela, Lula partiu para críticas aos Estados Unidos e à União Europeia, a que se referiu como “o chamado mundo democrático”, por terem reconhecido Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, em 2019, na esteira de outra farsa eleitoral promovida pelo regime de Maduro.
Na ocasião, o Brasil, governado por Jair Bolsonaro, também reconheceu o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela como presidente do país, já que o processo que tinha empossado Maduro para um novo mandato fora boicotado pela oposição, sob denúncias de falta de condições para a disputa.
“Acho que houve uma precipitação na punição e no julgamento das coisas”, disse nesta sexta Lula, que mencionou o fato de que nem Maduro, nem os opositores à ditadura gostaram de sua ideia de promover uma nova eleição.
Por fim, o petista disse que “agora a Suprema Corte está com os papéis para decidir, vamos esperar qual será a decisão disso”. Todas as instituições da Venezuela foram tomadas pelo chavismo e não é mistério para ninguém, nem para Lula, qual será “a decisão disso”.
Leia mais: María Corina rebate ideia de Lula: “As eleições já aconteceram”
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)