Líder conservador rejeita aliança com AfD na Alemanha
Partido de Friedrich Merz alcançou cerca de 29% dos votos e precisará fazer coalizão para novo governo
Friedrich Merz (foto), líder da União Democrata-Cristã (CDU), partido que venceu as eleições legislativas na Alemanha neste domingo, 23, reafirmou sua rejeição a qualquer aliança com o partido da direita radical AfD. A legenda havia se oferecido para integrar um futuro governo.
Em um debate televisivo, Merz disse que a CDU não permitirá que o legado de 75 anos da sigla seja colocado em risco por uma parceria com a AfD.
“A AfD pode tentar nos estender a mão, mas não vamos ceder à política errada. Temos opiniões diferentes sobre a segurança, a política externa e a Otan. Não podemos arriscar a continuidade de nossa trajetória”, disse Merz, que deverá assumir o cargo de chanceler.
As divergências entre a CDU e a AfD incluem, especialmente, questões de segurança e defesa. Merz defendeu, por exemplo, a necessidade de tornar a Europa mais independente dos Estados Unidos, especialmente diante da pressão de Donald Trump, que ele considera “indiferente ao destino da Europa”.
No cenário internacional, ele se posiciona como um defensor das relações transatlânticas e pró-europeu. Também pretende revitalizar a parceria franco-alemã e construir laços mais fortes com países como a Polônia. Sua agenda inclui uma firme defesa da União Europeia e um aumento no apoio à Ucrânia.
Alice Weidel, candidata a chanceler pela AfD, criticou Merz, sugerindo que a CDU deveria formar uma coligação com sua sigla, ao invés de buscar uma aliança com os socialistas do SPD e os Verdes.
“A CDU precisa explicar aos seus eleitores como cumprirá suas promessas se formar um governo com a esquerda”, disse Weidel.
Ela também afirmou que os conservadores não precisariam fazer concessões substanciais em uma coalizão com a AfD, já que os programas dos dois partidos seriam semelhantes.
Em resposta, Merz afirmou:
“Vou formar um governo que represente toda a população e vou me esforçar por formar um governo que resolva os problemas deste país. Como é que esse governo pode ser formado, não sabemos. Não é segredo que gostaríamos de ter um parceiro e não dois, mas o povo decidiu e temos de aceitar.”
Conservadores vencem eleição
Como mostramos, as eleições registraram vitória do bloco conservador, formado pela União Democrata-Cristã (CDU) e pela União Social-Cristã (CSU), com cerca de 29% dos votos, segundo projeções divulgadas pela televisão pública alemã.
A Alternativa para a Alemanha (AfD), partido da direita radical, obteve desempenho histórico, com 19,5% dos votos — quase o dobro dos 10,4% obtidos em 2021.
O Partido Social-Democrata (SPD), do chanceler Olaf Scholz, ficou em terceiro lugar, com aproximadamente 16%. Os Verdes obtiveram entre 12,4% e 13%, enquanto a Esquerda (Die Linke) alcançou 8,5%. Liberais do FDP e a nova legenda Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) ficaram abaixo do percentual mínimo de 5% para ingressar no Parlamento.
Friedrich Merz, de 69 anos, deve ser indicado para o cargo de chanceler, mas precisará negociar uma coalizão de governo.
A taxa de participação foi a mais alta desde a reunificação alemã, em 1990, atingindo entre 83% e 84%. O recorde anterior havia sido registrado em 1987, com 83,4%.
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Comentários (2)
Ricardo Nery
24.02.2025 03:32Deixa eu ver se eu entendi. A direta tem um partido de extrema direita o tal AfD. A esquerda não tem extrema esquerda só um partido chamado “Die Link” pois a centro esquerda é o PSD do atual primeiro ministro. É como no Brasil.. O PL é de extrema direita e o PT é um partido de esquerda, social democrata e inofensivo.
Marcelo José Dias Baratta
23.02.2025 19:07Ao que me parece, o mundo está caindo em si, opções pelos conservadores na França, nos Eua, agora na Alemanha, sugere uma nova tendência do povo. Se vem verifcando que ideologias de esquerda não funcionam, não apresentam o que anseia a população. Há um risco, como a esquerda é muito bem articulada no mundo, eles podem, estratégicamente, reagir. A direita, em geral, é mais romântica, chegando a ser ingênua, não estou aqui falando da direita ultra radical. O mundo é dinâmico, géo políticas mudam a todo momento, precisamos ficar atentos e vigilantes.