“Jornalista” manteve reféns, confirmam Forças de Defesa de Israel
Segundo FDI, Abdullah Jamal “era um agente da organização terrorista Hamas”
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Daniel Hagari, confirmou neste domingo, 9 de junho, no X, uma informação que, como O Antagonista havia explicado em matéria publicada 24 minutos antes, estava sendo verificada pelos militares, em meio a intensos debates na rede social ao longo do dia:
“Após verificações das FDI e do Shin Bet, pode-se confirmar que Abdullah Jamal era um agente da organização terrorista Hamas, que manteve os sequestrados Almog Meir, Andrey Kozlov e Shlomi Ziv na casa de sua família em Nuseirat.
A família de Abdullah Jamal manteve reféns em cativeiro juntamente com seus familiares. Esta é mais uma prova de que a organização terrorista Hamas utiliza a população civil como escudo humano.
As forças de segurança continuarão a actuar em todos os esforços para recuperar os reféns”, diz a nota de Hagari, publicada às 13h39 de Brasília, 19h39 de Tel Aviv.
Diferentemente, portanto, das alegações que circularam nas redes sociais de que Noa Argamini havia sido mantida refém pelo suposto jornalista, na verdade ele manteve como reféns as outras três pessoas resgatadas no sábado, 8.
Seu nome também aparece grafado em registros de imprensa como Abdallah Aljamal.
A conta oficial das FDI publicou em seguida:
“O ‘jornalista’ Abdallah Aljamal era um terrorista do Hamas que mantinha Almog, Andrey e Shlomi como reféns na casa da sua família em Nuseirat.
Nenhum colete de imprensa pode torná-lo inocente dos crimes que cometeu.
Al-Jazeera, o que esse terrorista está fazendo no seu site?”, questionaram, marcando a emissora de TV do Catar, país que hospeda líderes do Hamas.
O porta-voz das FDI nascido no Brasil, major Rafael Rozenszajn, complementou:
“Abdullah Jamal publicou diversos artigos sobre os ‘massacres’ israelenses como repórter quase todos os dias. Abdullah Jamal serviu como fotógrafo da Al Jazeera e quase todos os dias, desde o início da guerra, publicava como repórter em inglês no ‘Palestine Chronicle’.
Um dia antes da operação em Nuseirat, ele escreveu sobre o assassinato do prefeito de Nuseirat e chamou a pessoa que as FDI disseram ser um grande terrorista como ‘o melhor prefeito’.
Um dia antes, ele trouxe ‘testemunhas’ do que ele chamou de ‘massacre escolar em Nuseirat’ – Lá, segundo as FDI, pelo menos 17 terroristas que estavam escondidos no local, uma escola da UNRA, foram eliminados.
Abdullah Jamal é um exemplo claro das ‘autoridades locais’ que a mídia utiliza como fontes de informação.
Vocês vão continuar baseando as notícias em ‘autoridades locais’??”
Sobre o tempo entre a suspeita e a confirmação, Rozenszajn reforçou a O Antagonista a postura das FDI nesses casos:
“Nós publicamos somente quando a informação for verificada e confirmada.”
Como O Antagonista explicou às 13h15, comentaristas da guerra em Gaza nas redes sociais, seguidos de portais de notícia israelenses e da conta oficial de Israel, haviam apontado que Aljamal estava envolvido na manutenção de ao menos uma pessoa refém.
Em 7 de outubro, dia do massacre cometido pelo Hamas em Israel com 1200 assassinatos e 239 sequestros (alguns dos quais, depois se descobriu, eram só de corpos de pessoas também assassinadas), Aljamal postou um agradecimento em tom de celebração:
“Louvado seja Deus, muito obrigado, bom e abençoado.
Oh Deus, retribua.
Oh Deus, retribua.
Oh Deus, retribua.
Oh Deus, sua vitória prometida.
Oh Alá, aceite, aceite.
Sua vitória, oh Deus.”
O levantamento do histórico de postagens mostra que Aljamal já foi porta-voz do “Ministério do Trabalho de Gaza”, uma das fachadas do governo do Hamas.
Uma minibiografia do “repórter e fotojornalista” com a logo da Al-Jazeera ainda rendeu a alegação de que Aljamal também trabalhava para a emissora de TV Al-Jazeera, do Catar, país que hospeda líderes do Hamas.
A conta oficial de Israel ironizou:
“Jornalista da Al-Jazeera durante o dia, sequestrador à noite.“
Imran Khan, correspondente sênior da versão em inglês do canal, tentou descolar a Al-Jazeera do caso, dando a entender que a colaboração de Aljamal havia sido apenas como freelancer, no passado.
Khan escreveu no Instagram: “O indivíduo em questão, que foi morto no ataque junto com sua família, foi, em determinado momento, um jornalista freelancer. Ele nunca trabalhou para a Al Jazeera em árabe ou inglês.”
No Palestine Chronicle, Aljamal chegou a relatar em 24 de abril como a “felicidade” de seus vizinhos era “perturbada pelo bombardeio israelense de Nuseirat”.
O modo como o veículo noticiou no X a sua morte (“Abdallah Aljamal, correspondente do Palestine Chronicle em Gaza, foi um dos 210 palestinos mortos no massacre de Nuseirat no sábado”) também rendeu ironias de israelenses, com a premissa agora confirmada pelas FDI.
“Fato engraçado: ele estava mantendo os reféns em sua casa”, comentou, por exemplo, o Dr. Eli David, fundador da empresa de segurança cibernética Deep Instinct.
Origem do embate
A discussão se alastrou com a postagem do presidente da ONG de direitos humanos Euro-Med Monitor, Ramy Abdul, que acusou “assassinatos” em Nuseirat, alegando, a partir de um “testemunho inicial”, “que o exército israelense usou uma escada para entrar na casa do Dr. Ahmed Al-Jamal e “executou imediatamente Fatima Al-Jamal, de 36 anos, ao encontrá-la na escada”, quando então os militares “invadiram” a casa “e executaram o marido dela, o jornalista Abdullah Al-Jamal, 36 anos, e o pai dele, Dr. Ahmed, 74 anos, na frente dos netos”. “O exército também atirou na filha deles, Zainab, de 27 anos, que sofreu ferimentos graves”, segundo Ramy Abdul.
Uma das reações veio da influente conta AG:
“Depois que os reféns confirmaram que estavam detidos por uma família, a EuroMed, fachada do Hamas, revelou a família exata que mantinha os reféns.
É claro que apresentam como vítimas as pessoas que mantinham e guardavam reféns conscientemente.
‘Jornalista’ e ‘médico’ que fazem reféns para grupos terroristas nas horas vagas.”
Questionado por Maccabi Lev-Ari e Elad Radson, respectivamente, por que e se estava admitindo que o suposto jornalista mantinha ao menos uma pessoa refém em sua casa, Ramy Abdul limitou-se a responder a ambos:
“Isso deve ser abordado pelas autoridades israelenses, pois documentamos a entrada de forças israelenses em sete casas na área onde dezenas de civis foram mortos.”
Para israelenses, o caso mostra como o conceito de “civis”, utilizado para demonizar Israel aos olhos da opinião pública, muitas vezes encobre a cumplicidade com o terror.
“Odeio dizer isso a você, Ramy Abdul, mas quando você mantém reféns para o Hamas e bloqueia sua liberdade, você é um guarda prisional e um combatente, não um civil – mesmo que você seja uma mulher ou um idoso.
Mas eu não espero que a Euro-Med diga a verdade”, comentou Elder of Zyon.
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