Jerônimo Teixeira na Crusoé: O que os comunistas venezuelanos podem ensinar ao governo brasileiro
Até o “partidão"da Venezuela já sabe o que Lula insiste em negar: o governo Maduro é uma ditadura truculenta que despreza a vontade popular
Celso Amorim e Lula bem que poderiam tomar lições de democracia dos comunistas venezuelanos. O Partido Comunista da Venezuela é inimigo de Nicolás Maduro. Denuncia a repressão violenta e as prisões arbitrárias promovidas pela ditadura e por suas forças paramilitares. Exige transparência eleitoral e respeito à vontade popular.
Em suas notas oficiais e publicações no X (tuítes, como se dizia antigamente), o PCV emprega clichês mofados como “partidos da burguesia”. Também critica o bloqueio econômico do imperialismo estadunidense (pode haver certa razão neste ponto: no fim das contas, tudo o que as sanções conseguiram foi dar a Maduro uma desculpa para seu fracasso na economia). Mesmo assim, o “partidão” passa longe da infâmia com que o PT se cobriu (e não pela primeira vez) ao saudar o “povo venezuelano” por ter reeleito Maduro em “uma jornada pacífica, democrática e soberana”.
Depois de muitos anos apoiando o bolivarianismo (que é uma repetição do bolchevismo não como farsa, mas como telenovela do canal Venevisión), o PCV afinal descobriu que não há paz, democracia ou soberania popular sob o tacão de Maduro. Desconfio que os comunistas venezuelanos só enxergaram a luz porque a ditadura cassou judicialmente sua legenda e sua pessoa jurídica. Mas, como reza o ditado popular, antes tarde do que depois da Gleisi Hoffmann.
O PCV não é ninguém na fila do pão (ao fim da qual, em Caracas, muitas vezes nem pão se encontra). Peso zero na atual crise da Venezuela. Mas sua posição contra Maduro causa curto-circuito nas mentes binárias, que só conseguem pensar a partir das categorias “esquerda” e “direita”. López Obrador, por exemplo, quedou pasmo. Nas publicações do próprio PCV, encontrei um divertido recorte de um pronunciamento que o presidente mexicano fez recentemente.
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