Ivan Sant’Anna na Crusoé: Terra de fronteira – Terceira parte
Em Lahore, a maior cidade do Paquistão, dentro de templos islâmicos e restaurantes com pratos cheios de cérebros de cabrito
Quem está acompanhando esta série Terra de fronteira, sabe que terminei a segunda parte na mesquita de Lahore, durante minha viagem ao Paquistão, em 2008, fazendo contato com um imã islâmico de aproximadamente 90 anos, que se ofereceu para ser meu guia.
Logo no início, paramos junto a uma redoma que continha algumas poucas mechas de cabelo.
“They are supposed to be from the Prophet (Presume-se que elas sejam do Profeta – Maomé)”, ele não parecia acreditar muito na autenticidade da relíquia.
Como havia um arco que começava no rés do chão de mármore e, após percorrer toda a enorme cúpula, terminava no chão do outro lado, o imã me levou até uma das extremidades e me fez encostar o ouvido na parede.
“Agora fique aqui que eu vou para o lado oposto.”
Já na outra ponta, ele começou a conversar comigo. Suas palavras percorriam o arco e chegavam aos meus ouvidos, como se estivéssemos conversando em walkie talkies, sem que ninguém pudesse ouvir nossas vozes.
“Você reparou que aqui dentro da mesquita está fresquinho?”, ele perguntou em seguida. “Venha conhecer nosso aparelho de ar-condicionado.”
Em toda a superfície da parede do domo da mesquita havia furinhos, em forma de cones, cujo lado externo tinha um diâmetro maior do que o interno. Isso, compressão do ar, fazia com que ele esfriasse ao ser comprimido, tal como acontece em nossos aparelhos de refrigeração: geladeira, freezer e ar-condicionado.
Sete anos antes, ao me hospedar na casa de um grande amigo, Maurício Salles Macedo, o maior gênio de engenharia (sem ser engenheiro) que conheci, em Rio Verde, no oeste de Goiás, já tomara conhecimento desse sistema de resfriamento através de furinhos cônicos, cujo combustível era apenas o vento.
Quando terminamos a visita e saímos da mesquita, perguntei ao imã se ele ficaria ofendido se eu pagasse por seus serviços de guia.
“Claro…
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