Inflação na Venezuela ‘despiora’ de 305% para 193%
A inflação venezuelana, ainda entre as mais altas do mundo, caiu devido a uma menor desvalorização do bolívar e a uma política de redução dos salários reais dos trabalhadores.
Um relatório divulgado na segunda-feira, 8, pelo Observatório Venezuelano de Finanças (OVF), indicou que a inflação na Venezuela caiu para 193% no ano passado. A entidade independente serve de referência no país na ausência de indicadores oficiais.
A Venezuela superou um período de quatro anos de hiperinflação em 2021, quando registrou 686,4%.
O indicador começou a diminuir após registrar taxa mensal inferior a 50% e em meio à dolarização.
O OVF reportou uma inflação de 305% em 2022, enquanto o Banco Central da Venezuela (BCV), que divulga irregularmente estes dados, situou-a em 234%. O BCV ainda não publicou a taxa deste ano.
A inflação venezuelana, ainda entre as mais altas do mundo, caiu devido a uma menor desvalorização do bolívar, a moeda local, e a uma “política de redução dos salários reais dos trabalhadores”, afirmou a OVF em um comunicado.
O último aumento do salário mínimo, hoje de 3,6 dólares (17,58 reais na cotação atual), foi decretado em maio de 2022, quando equivalia a cerca de 40 dólares (cerca de 188 reais, na cotação da época).
Sem remédios para diabetes
O relatório Monitorização do Índice de Escassez de Medicamentos Essenciais, també, divulgado na segunda-feira, 8, indica que a Venezuela enfrenta escassez de medicamentos para tratar diabetes, infeções respiratórias e convulsões, entre outras doenças.
“A diabetes (34,4% de escassez), as infeções respiratórias agudas (33,8%) e as convulsões (28,9%) continuam a ser as três causas de morbidade com mais elevados índices de escassez de medicamentos”, explica o relatório.
A organização Convite Pela Saúde, que monitoriza o acesso a fármacos no país, alertou também que, em paralelo à falta ou dificuldades para fazer a reposição de “medicamentos de alto custo” para tratamentos clínicos completos, há um mercado de medicamentos falsificados, principalmente nas regiões fronteiriças da Venezuela.
A ONG explicar que nos últimos anos sete milhões de venezuelanos em idade ativa deixaram o país, o que fez “aumentar o envelhecimento da população e a sua taxa de dependência”, com uma maioria dos agregados familiares agora dirigidos por mulheres e “em situação de pobreza”.
Segundo a ONG Cedice, “60% das mulheres venezuelanas estão fora da força de trabalho” e 45% das venezuelanas trabalham no setor informal em situação de precariedade e baixos rendimentos.
A ONG sublinha ainda que “95% das trabalhadoras domésticas são informais”, que “a migração dos jovens e a pulverização das pensões deixaram os anciãos numa situação precária e desprotegida”.
E o Lula?
O ex-chefe do legislativo da Venezuela, Juan Guaidó –que atualmente está exilado nos Estados Unidos–, pediu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pressione o Chefe do Executivo venezuelano, Nicolás Maduro, para marcar a data para as eleições deste ano.
Em vídeo publicado no X no domingo, 7 de janeiro, Guaidó chamou Lula e Gustavo Petro, presidente da Colômbia, de “aliados de Maduro” e questionou: “Não são democratas? O que estamos pedindo é algo simples, uma eleição onde os venezuelanos se expressem”.
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