GHF acusa Reuters de fabricar narrativa com documento falso: “clickbait com agenda”
ONG americana diz que agência ignorou seus alertas e denuncia “jornalismo com agenda”
A Gaza Humanitarian Foundation (GHF) acusou nesta segunda-feira, 7, a agência Reuters de divulgar informações falsas ao associá-la a um suposto plano para criação de “áreas de trânsito humanitário” para palestinos
A organização afirmou que o documento citado na reportagem nunca foi visto, criado ou aprovado por seus membros, e que a agência recusou-se a compartilhar o material mesmo após questionamentos formais.
Em publicações nas redes sociais, a fundação escreveu:
“Outro dia, outra manchete falsa. @Reuters @aramroston @JonathanLanday referenciaram uma suposta ‘apresentação da GHF’ que nunca vimos, nunca criamos e na qual não tivemos qualquer participação.
Quando pedimos para revisar o documento, se recusaram a nos mostrar. Dissemos claramente: GHF não tem envolvimento com HTAs, não tem planos para HTAs, e essa apresentação NÃO é nossa. Eles publicaram a matéria mesmo assim. Isso não é jornalismo.
É clickbait com agenda, apoiado por fontes de má‑fé e desenhado para criar controvérsia, não para revelar a verdade.”
Em nota oficial assinada por seu porta-voz, Chapin Fay, a organização reiterou a acusação:
“Hoje, a Reuters publicou uma matéria que seus repórteres e editores sabem ser falsa. Como deixamos claro repetidamente, a GHF não está planejando nem implementando Áreas de Trânsito Humanitário (HTAs) agora nem em qualquer momento futuro.
A apresentação que eles citam não é nossa e não tem relação com nossa missão, ponto final.
É perturbador que tenham noticiado essa desinformação apesar de negativas repetidas. Nosso único foco continua sendo ampliar operações de ajuda alimentar para atender às necessidades urgentes e prementes da população de Gaza.”
A reportagem da Reuters sugeria que a fundação teria proposto a criação de acampamentos voluntários para deslocados palestinos, com orçamento de até 2 bilhões de dólares.
O material, segundo a agência, foi apresentado a parceiros americanos e israelenses como parte de um plano para a reestruturação da região após um eventual cessar-fogo.
A GHF afirma que essa proposta nunca fez parte de suas ações e acusa a agência de não apresentar nenhuma prova concreta de que o conteúdo tenha saído de seus quadros.
A fundação foi criada em fevereiro nos Estados Unidos, com apoio de 30 milhões de dólares do Departamento de Estado americano, e atua desde maio na distribuição de alimentos em Gaza.
A operação, escoltada por segurança privada e supervisionada remotamente por militares israelenses, tem sido criticada pela ONU e por entidades humanitárias.
Segundo dados oficiais das Nações Unidas, ao menos 613 pessoas morreram em incidentes relacionados à distribuição de comida na Faixa de Gaza até o fim de junho, sendo 509 mortes em operações ligadas à fundação.
Mais de 170 ONGs pedem o fim do modelo atual, que concentra multidões em pontos sem proteção civil e expostos a bombardeios e tiros.
A GHF sustenta que seu trabalho tem impacto positivo e que dezenas de milhões de refeições foram entregues.
Seus dirigentes dizem que ataques coordenados tentam minar a credibilidade de uma operação eficiente e que denúncias infundadas apenas desviam o foco da urgência humanitária no território.
A acusação de que uma agência internacional do notícias estaria forçando uma conexão entre a GHF e projetos de relocação de civis levanta preocupações sobre o uso de documentos não verificados e o risco de comprometer a legitimidade da ajuda humanitária com objetivos políticos.
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