O maior complexo penitenciário do país, localizado na cidade de Guayaquil, foi cenário da fuga do líder de uma das maiores facções criminosas do Equador.

No domingo, 7, as autoridades foram até a cela de Adolfo Macías, conhecido como Fito, para transferi-lo para uma unidade de segurança máxima, porém ele não estava lá. O desaparecimento de Fito desencadeou uma onda de atentados terroristas em todo o país.

Onda de violência no Equador

Carros foram incendiados, explosivos foram detonados e houve sequestros de policiais e agentes penitenciários. A situação chegou ao ápice quando criminosos encapuzados invadiram um canal de TV ao vivo.

Diante desse cenário caótico, o presidente Daniel Noboa decretou um estado de exceção com toque de recolher das 23h às 5h por dois meses. O presidente também declarou conflito armado interno e classificou 22 grupos como terroristas, concedendo mais poderes às Forças Armadas para atuarem junto à Polícia Nacional nas ruas.

A tensão se concentrou em sete presídios, onde detentos fizeram reféns 178 agentes e funcionários administrativos. No último sábado, 13, milhares de militares e policiais entraram nos presídios, retomaram o controle das unidades e libertaram todos os reféns.

Fuga de líder da facção é investigado pelo Ministério Público

A fuga de Fito ainda é um mistério que está sendo investigada pelo Ministério Público. A versão oficial é de que ele escapou pouco antes da tentativa de transferência, após infiltrações.

Um ex-ministro do Interior colocou essa versão em dúvida, afirmando que Fito saiu da prisão para uma consulta médica no dia 25 de dezembro e retornou dez horas depois com o rosto coberto, sem que nada fosse comunicado.

O complexo penitenciário onde Fito estava preso fica a apenas 30 minutos do centro de Guayaquil, cidade mais populosa do Equador e palco de uma crise de segurança que assola o país há cerca de três anos. Essa unidade abriga mais de um terço da população carcerária do país, com 12 mil.

Quem é Fito?

Fito é líder da facção chamada Choneros e ficou conhecido por gravar um videoclipe dentro da prisão, vestindo um chapéu e lendo um livro. A gravação em alta qualidade foi lançada em setembro passado e até hoje as autoridades não conseguiram explicar como ele teve acesso aos recursos para produzir o vídeo.

Desde o último domingo, militares estão de prontidão na frente do complexo penitenciário. No entanto, outros presos conseguiram fugir através do muro dos fundos na noite de sexta-feira, 12, reacendendo os alertas. A Polícia Nacional informou que seis presos conseguiram fugir, mas o órgão responsável pelo sistema prisional fala em apenas dois, ambos recapturados.

A situação dentro do complexo é caótica. Presos relatam que Fito instalava piscinas, organizava festas e introduzia armas através de drones, cobrando taxas semanais e obrigando os detentos a comprarem coisas. O governo equatoriano está planejando a construção de duas prisões de segurança máxima para 1.500 presos no total.