Fragmentos de cerâmica no “túmulo” da Arca de Noé intrigam cientistas
Novos achados arqueológicos no leste da Turquia identificaram fragmentos de cerâmica próximos à Formação de Durupinar
Novos achados arqueológicos no leste da Turquia identificaram fragmentos de cerâmica próximos à Formação de Durupinar, uma estrutura em forma de barco na região do Monte Ararat, reacendendo o debate sobre a possível relação entre o sítio e a Arca de Noé.
O que os fragmentos de cerâmica indicam sobre a presença humana
A cerâmica encontrada perto da Formação de Durupinar sugere que houve ocupação humana antiga na área, possivelmente entre 5500 a.C. e 3000 a.C., período correspondente ao Calcolítico.
Para a arqueologia, esse tipo de material costuma indicar assentamentos temporários ou permanentes, e não apenas uma zona de passagem.
Esses indícios reforçam a ideia de que comunidades viveram ou circularam de forma contínua na região do Monte Ararat, em uma faixa cronológica muitas vezes associada a estudos que buscam vínculos entre o relato do Dilúvio e eventos históricos reais.
Embora não comprovem a existência da Arca, ajudam a contextualizar o ambiente humano da época.

Como a Formação de Durupinar é analisada pela ciência
Identificada em 1959 em fotografias aéreas, a Formação de Durupinar chama atenção pelo formato alongado que lembra um casco de barco.
Chuvas e abalos sísmicos teriam acentuado suas bordas, alimentando a hipótese de que poderia ser o local de repouso da Arca de Noé, mencionada nas “montanhas de Ararat”.
Geólogos, porém, tendem a classificá-la como uma formação natural resultante de processos tectônicos e erosivos.
Para investigar com mais rigor, um grupo multidisciplinar dedicado ao Monte Ararat foi criado em 2022, reunindo especialistas em geofísica, geoarqueologia, química e geologia estrutural para analisar amostras e dados de forma sistemática.
theres a large boat shaped formation on Mount Ararat in turkey where scripture tells us Noah's Ark came to rest
— Will Manidis (@WillManidis) October 7, 2024
and no one has dug it up yet?
geologist wrote it off as a natural formation but ground penetrating radar found limestone construction in 2019 pic.twitter.com/AbHNAzrwIL
Por que a Arca de Noé e o Monte Ararat geram interpretações diferentes
O Monte Ararat ocupa lugar central em tradições judaico-cristãs sobre o fim do Dilúvio, mas muitos arqueólogos veem a narrativa como simbólica, possivelmente ligada à memória de grandes enchentes regionais.
Dificuldades cronológicas e geológicas são frequentemente apontadas contra a ideia de um dilúvio global literal.
Ainda assim, expedições exploratórias seguem ocorrendo, muitas promovidas por grupos religiosos em busca de vestígios físicos da Arca.
Relatos de estruturas de madeira, cavernas em forma de casco e testes de datação por carbono aparecem periodicamente, embora a maioria dos especialistas considere as evidências insuficientes para afirmar a existência de um navio preservado na montanha.

Quais medidas são propostas para proteger a região de Durupinar
Com a descoberta dos fragmentos de cerâmica, aumentou a preocupação com o impacto do turismo e da erosão na área de Durupinar.
Pesquisadores relatam que visitantes retiram pedras e pequenos fragmentos do solo como lembranças, o que, somado a deslizamentos, acelera a degradação do sítio.
Para reduzir danos e organizar melhor o acesso, especialistas turcos sugerem ações de preservação e manejo da área:
- Criação de zonas de acesso controlado ao redor da Formação de Durupinar;
- Proibição da retirada não autorizada de pedras e fragmentos arqueológicos;
- Instalação de sinalização educativa sobre o valor histórico e religioso do local;
- Monitoramento constante de riscos de erosão e deslizamentos de terra.
O que a descoberta acrescenta ao estudo do Dilúvio
As análises de solo e cerâmica confirmam que a região do Monte Ararat foi ocupada por comunidades humanas desde a antiguidade remota, oferecendo um pano de fundo histórico para discutir a relação entre o sítio e a narrativa da Arca de Noé.
O vínculo direto com a embarcação bíblica, porém, ainda depende de evidências materiais mais claras.
Novas etapas de escavação, datação mais precisa de artefatos e estudos estratigráficos serão necessárias para avançar na compreensão da ocupação antiga da área e de sua possível conexão com tradições sobre grandes inundações.
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