Fala de Lula sobre a Venezuela tem quase 70% de reprovação no X
Menções negativas a declarações do presidente superaram até as críticas por ocasião da visita do ditador Nicolás Maduro ao Brasil
Levantamento da consultoria Bites publicado por O Globo nesta sexta-feira, 2 de agosto, mostra que as declarações de Lula (PT, foto) sobre a fraude eleitoral em curso na Venezuela —“nada de anormal”— repercutiram negativamente na rede social X, ex-Twitter.
Segundo a consultoria, a passada de pano de Lula gerou 68,7% de menções negativas no X nos últimos três dias. É mais do que as críticas ao petista durante a visita do ditador Nicolás Maduro (foto) ao Brasil, em maio de 2023, quando houve 59,1% de comentários negativos.
“As buscas no Google sobre Lula estão fortemente impactadas por essa agenda negativa e, quando alguém procura algo sobre o presidente, aparecem conteúdos sobre essa relação do Brasil com a Venezuela”, disse ao jornal carioca o CEO da Bites, Manoel Fernandes.
Passando vergonha na América Latina
O mesmo levantamento apontou ampla repercussão negativa das declarações do petista na América Latina: a Bites detectou nada menos que 3.700 reportagens da imprensa latino-americana em que a relação entre Lula e Maduro é abordada de forma negativa.
Além da passada de pano do presidente, o PT de Gleisi Hoffmann reconheceu a “vitória” do ditador no pleito de 28 de julho, descrevendo a fraude eleitoral no país vizinho como uma “jornada pacífica, democrática e soberana”.
Lula, cabe lembrar, afirmou ainda que, “na hora que forem apresentadas as atas e for consagrado que as atas são verdadeiras, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral na Venezuela”.
Parece que o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano, 100% dominado pelo chavismo, não quer ajudar muito nisso. Nesta sexta, 2 de agosto, como publicamos, o CNE atualizou os números da “vitória” de Maduro —mas nada, nadinha, de apresentar as atas.
O universo paralelo de Celso Amorim
A oposição, como sabem os leitores de O Antagonista, já publicou as atas que demonstram que seu candidato, Edmundo González Urrutia, venceu Maduro por larga margem em 28 de julho.
Mas isso, é claro, não é suficiente para Celso Amorim, o assessor especial de Lula para assuntos internacionais e chefe do “Itamaraty paralelo”. Em entrevista à RedeTV, o ex-chanceler, que acredita na “consolidada democracia” da Venezuela, alegou que os oposicionistas “não conseguiram provar” a derrota do ditador.
“Não há dúvidas que, como outros, nós estamos decepcionados com a demora do Conselho Nacional Eleitoral em publicar os dados. Na medida, agora no momento em que estamos falando, talvez esteja havendo uma nova coletiva do CNE com dados novos, mas também a oposição não consegue provar o contrário. Ela consegue colocar dúvidas, mas não provar o contrário”, declarou Amorim, diretamente do universo paralelo —ou mundo invertido— em que a Venezuela é uma democracia.
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