Explosões: o que é um pager e por que o Hezbollah o utiliza?
O grupo terrorista recorreu recentemente a este modo de comunicação antiquado porque os seus líderes acreditavam que os combatentes eram facilmente detectados pelos israelenses graças à localização dos seus celulares
Meios de comunicação que deveriam ajudar a permanecer discretos e que se transformaram em bombas de bolso: vários membros do Hezbollah foram mortos pela explosão simultânea de pagers no Líbano nesta terça-feira, 17 de setembro.
Estes receptores de mensagens, que caíram em desuso desde a chegada do celular, ainda são amplamente utilizados por membros do grupo pró-iraniano, que assim esperavam escapar à vigilância e aos ataques israelense.
Antepassado do celular, o pager chegou no final da década de 1970. Ele permite receber mensagens curtas por ondas de rádio e estar acessível mesmo longe do telefone fixo.
Inicialmente, o acessório frequentemente recebia uma mensagem exibindo um número de telefone para ligar de volta da cabine telefônica ou telefone fixo mais próximo. Depois foi possível receber algumas palavras, indicando, por exemplo, que a sua próxima consulta foi adiada ou que os seus pais aguardavam o seu regresso a casa.
Isso exigia ligar para uma central telefônica, onde uma operadora transmitia a mensagem ao pager solicitado. Com o tempo, tornou-se possível fazer isso diretamente pelo minitel.
Os pagers, por outro lado, são dispositivos de comunicação passiva: eles apenas permitem receber mensagens, não enviá-las. Fácil de transportar, com bateria durável, possibilitava o contato (ou solicitação de retorno) em caso de emergência.
Obsoletos pelos celulares, os bipes quase não são utilizados desde o início dos anos 2000. Hoje, encontramos principalmente versões simplificadas do sistema em restaurantes, com essa caixa que vibra e pisca quando o pedido está pronto para ser retirado no balcão.
Mas eles continuaram a existir em certos setores, principalemente na saúde: permitem contactar eficazmente os médicos em caso de emergência, sem necessidade de se distrairem com a enxurrada de mensagens que um telefone pode receber. Sem falar que as mensagens enviadas em pagers não utilizam as mesmas ondas da rede telefônica, permitindo ser contatado mesmo quando esta está saturada.
Evita ser localizado
Entre os mais recentes usuários de pager está o Hezbollah. O grupo terrorista recorreu recentemente a este modo de comunicação antiquado porque os seus líderes acreditavam que os combatentes eram facilmente detectados pelos israelenses graças à localização dos seus celulares. Segundo fontes citadas pela Reuters, os bipes que explodiram eram o último modelo adquirido pelo Hezbollah
As explosões desta terça-feira, cujo modus operandi e responsabilidades ainda precisam ser esclarecidos, mostram que mesmo as ferramentas de comunicação mais arcaicas têm seus pontos fracos.
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