A Justiça do Peru condenou, nesta segunda-feira, 21, o ex-presidente Alejandro Toledo, a 20 anos e 6 meses de prisão, por ter recebido propinas milionárias da construtora Odebrecht em troca de contratos com o seu governo, no período entre 2001 a 2006.

Segundo as investigações, Toledo aceitou suborno de US$ 25 milhões para entregar uma licitação da rodovia Interoceânica à Odebrecht.

“Este colegiado assume o pedido feito pela promotoria de 20 anos e seis meses de prisão para o senhor Alejandro Toledo Manrique”, anunciou a Suprema Corte do Peru.

“Exemplo real de instituições funcionando”, ironizou o ex-procurador da Lava Jato e deputado federal cassado Deltan Dallagnol, no X.

“A Justiça peruana ensina uma lição a aqueles no Brasil que celebram a impunidade e as nulidades fabricadas”, acrescentou o senador e ex-juiz da Lava Jato em Curitiba, Sergio Moro, também na rede social.

O esquema de corrupção foi desvendado em um dos desdobramentos da Operação Lava Jato em quase duas dezenas de países.

Neste ano, o promotor Rafael Vela afirmou ao jornal peruano La República que, apesar de o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, ter anulado os atos da operação, isto não afetaria de forma alguma as provas de corrupção entregues por Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empresa, sobre o caso da ex-candidata à presidência Keiko Fujimori.

“As provas foram entregues por Odebrecht num acordo de colaboração eficaz celebrado no Peru, aprovado com homologação e controle de legalidade por uma juíza do Peru, com as leis peruanas. Quase 90% de todas as evidências documentais presentes nos casos foram entregues no Peru, conforme a legislação peruana. Portanto, a decisão do ministro brasileiro não tem nenhum efeito aqui, muito menos no caso de Keiko Fujimori, cuja instrução já está completa. Falta apenas começar o julgamento, em julho”, disse.

Keiko Fujimori é filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que recebeu indulto em 2023 quando cumpria pena por crimes contra direitos humanos, e responde a processos por lavagem de dinheiro ligado a empresa Odebrecht.

Toledo foragido nos Estados Unidos

Em 2023, Toledo chegou a Lima sob custódia de agentes da Interpol. Ele ficou foragido desde 2018, quando foi extraditado dos Estados Unidos. O ex-presidente já cumpria prisão domiciliar na região do Vale do Silício, na Califórnia, mas uma decisão de um juiz de Washington determinou que o ex-chefe de Estado se entregasse às autoridades norte-americanas.

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