Ex-executiva denuncia Facebook e é silenciada na justiça
Sarah Wynn-Williams denuncia que a Meta ocultou informações sobre negociações com Pequim e desenvolveu ferramentas de censura para o regime chinês. Juiz proibiu a autora de promover o livro

A ex-diretora de políticas públicas do Facebook, Sarah Wynn-Williams, afirma que a empresa estava disposta a fazer concessões ao Partido Comunista Chinês (PCC) para entrar no país.
No seu livro recém-lançado “Careless People: A Cautionary Tale of Power, Greed, and Lost Idealism“(“Pessoas Descuidadas: Um Conto de Advertência Sobre Poder, Ganância e Idealismo Perdido“, em tradução livre), Sarah Wynn-Williams detalha como a companhia discutiu armazenar dados de usuários chineses em território chinês e criar mecanismos de censura sob medida para o governo local.
“Por muito tempo, o Facebook trabalhou de mãos dadas com o Partido Comunista Chinês”, declarou a ex-executiva em entrevista a Bari Weiss, no podcast Honestly.
Segundo ela, os principais dirigentes da empresa sabiam exatamente o que estavam fazendo, mas evitaram admitir publicamente.
“Nos documentos internos, listaram os prós e contras de operar na China. Um dos contras dizia: ‘Seremos responsáveis por tortura e morte’. Depois, essa frase foi suavizada para ‘Trabalharemos com um governo que não respeita os direitos humanos internacionais’.”
As denúncias foram levadas à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC).
No documento, a autora acusa o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, de ter enganado o Congresso americano ao minimizar os planos da empresa para a China.
Além disso, afirma que a plataforma restringiu a conta de um dissidente chinês nos Estados Unidos a pedido de um alto funcionário do governo de Pequim, na esperança de obter favores políticos.
A Meta nega as acusações e diz que nunca operou na China, apesar de ter considerado a possibilidade.
A empresa declarou que decidiu não avançar nesse mercado em 2019 e justificou a ação judicial contra a ex-funcionária alegando que ela violou um contrato de confidencialidade assinado ao deixar o cargo em 2017.
Horas após conceder a entrevista, um tribunal proibiu temporariamente a autora de divulgar o livro e de fazer qualquer declaração “crítica, depreciativa ou prejudicial” à Meta ou a seus funcionários.
“O Facebook sempre tentou esconder a verdade de seus próprios funcionários e do público”, afirmou a ex-executiva.
“Se as pessoas soubessem o que realmente aconteceu, entenderiam que as prioridades da empresa nunca foram o que diziam ser.” Ela disse ainda que decidiu revelar essas informações porque “não podemos cometer os mesmos erros agora que estamos entrando na era da inteligência artificial”.
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