Evidência mostra que neandertais fabricavam fogo intencionalmente
Em um antigo campo no leste da Inglaterra, o sítio de Barnham, em Suffolk, vem ajudando cientistas a reconstruir um momento decisivo
Em um antigo campo no leste da Inglaterra, o sítio de Barnham, em Suffolk, vem ajudando cientistas a reconstruir um momento decisivo da trajetória humana: quando grupos pré-históricos deixaram de depender apenas de incêndios naturais e passaram a produzir e controlar o fogo de forma intencional.
Por que o controle do fogo em Barnham é tão importante?
A importância de Barnham está na combinação de vestígios que apontam para uso intencional e recorrente do fogo, e não para um evento isolado.
Sedimentos avermelhados, ferramentas de sílex fraturadas pelo calor e fragmentos de pirita de ferro sugerem fogueiras acesas repetidamente por hominídeos da Idade do Gelo europeia.
Como a pirita não ocorre naturalmente nas proximidades, sua presença indica transporte deliberado do mineral, provavelmente por reconhecerem sua utilidade para gerar faíscas. Esse quadro reforça a ideia de domínio técnico do fogo em um período mais antigo do que se supunha para a Europa.

Quais evidências indicam o controle deliberado do fogo em Barnham?
As análises químicas dos sedimentos mostram temperaturas elevadas típicas de madeira queimada de forma concentrada, além de sinais de uso repetido do mesmo ponto de queima. Isso sugere fogueiras acesas e mantidas de forma rotineira, e não apenas o aproveitamento de brasas naturais.
Ao redor da área de queima foram encontrados machados de mão e lascas de sílex deformados pelo calor, indicando atividades como preparo de alimentos ou trabalho em madeira junto ao fogo. Esses elementos formam um conjunto coerente de controle regular das chamas por grupos pré-históricos.

Quais são os principais vestígios arqueológicos encontrados no sítio?
Os pesquisadores identificaram diferentes tipos de evidências materiais que, analisados em conjunto, permitem reconstruir o uso do fogo em Barnham. Esses vestígios mostram tanto os efeitos térmicos no solo e nas ferramentas quanto a presença de minerais utilizados para acender chamas.
- Sedimentos avermelhados: solo alterado por queimas intensas e localizadas.
- Ferramentas de sílex: machados e lascas rachados pela exposição ao calor.
- Fragmentos de pirita: mineral trazido de outras áreas para produzir faíscas.
- Queimadas repetidas: evidências de uso prolongado do mesmo ponto de fogo.

Como o domínio do fogo transformou a rotina desses grupos humanos?
Ter a capacidade de acender chamas sob demanda permitiu enfrentar melhor o frio, ocupar áreas antes inóspitas e ampliar o cardápio com carnes e raízes cozidas, mais fáceis de mastigar e digerir. Isso favoreceu o aproveitamento energético e pode ter impactado a saúde e o metabolismo desses grupos.
O fogo também funcionou como barreira contra predadores e estendeu o período de atividade após o pôr do sol, permitindo tarefas de manutenção de ferramentas e interação social em torno da fogueira. Além disso, provavelmente foi usado em atividades tecnológicas, como endurecer madeira e aquecer adesivos naturais.
O que Barnham revela sobre a evolução humana e a pesquisa arqueológica?
Embora nenhum osso de hominídeo tenha sido encontrado, a idade do sítio e o tipo de ferramentas sugerem a presença de ancestrais dos neandertais que ocupavam amplas áreas da Europa. Barnham indica que populações aparentadas compartilhavam técnicas de fabricação de instrumentos e domínio do fogo há centenas de milhares de anos.
O sítio funciona como modelo metodológico para distinguir incêndios naturais de fogueiras produzidas por hominídeos, usando análise química de sedimentos, minerais e danos térmicos em ferramentas.
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