EUA tem recorde de moradores de rua
Os Estados Unidos enfrentam um aumento preocupante na população em situação de rua, atribuído principalmente à inflação
Os Estados Unidos enfrentam um aumento preocupante na população em situação de rua, atribuído principalmente à inflação persistente e aos altos preços dos imóveis. Em 2024, estimou-se que 771.480 pessoas estavam vivendo sem moradia, representando um aumento de 18% em relação ao ano anterior. Este número equivale a aproximadamente 23 pessoas em situação de rua para cada 10 mil habitantes, refletindo desafios profundos na maior economia mundial.
O Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano (HUD, na sigla em inglês) compila anualmente dados que incluem pessoas abrigadas em refúgios de emergência ou participantes de programas temporários de habitação. Em comparação, o Brasil registrou 308 mil pessoas nessa condição em agosto de 2024, destacando um problema global de crescente desigualdade habitacional.
Quais Fatores Contribuem para o Aumento da População em Situação de Rua?
Diversos fatores são apontados como causas para o aumento da população sem moradia nos EUA. A Coalizão Nacional de Habitação para Baixa Renda identifica os elevados custos de moradia como um dos principais fatores. Em janeiro de 2024, o aluguel médio era 20% mais caro do que no mesmo mês de 2021, o que restringe o acesso à habitação, especialmente para famílias de renda média e baixa.
Adicionalmente, o salário estagnado para essas famílias, o racismo sistêmico, os desastres naturais que desabrigaram numerosas famílias e o aumento da imigração também são citados como agravantes. O fim dos programas de proteção de renda e a proibição de despejo, que foram implementados durante a pandemia de Covid-19, também teve um impacto significativo.
Crescimento Desproporcional: Crianças e Adolescentes
Outra dimensão crítica do relatório é o crescimento acentuado no número de crianças e adolescentes em situação de rua. Cerca de 150.000 menores, até 17 anos, estavam sem moradia no período analisado, representando um aumento de 33% em relação a 2023. Esse foi o crescimento proporcional mais significativo entre todas as faixas etárias, afetando drasticamente as famílias que abrigam menores.
O relatório destaca que as famílias migrantes foram particularmente impactadas, o que intensificou a crise da habitação familiar. Questões de discriminação racial também são importantes, já que pessoas negras e hispânicas estão excessivamente representadas entre a população sem residência fixa nos EUA.
Disparidades Raciais no Cenário de Falta de Moradia
O relatório do HUD sublinha a desigualdade racial na crise de habitação. Embora os negros representem 12% da população americana, constituem 32% das pessoas em situação de rua. Da mesma forma, latinos e hispânicos representam aproximadamente 30,6% da população sem moradia, equivalente a cerca de 235 mil pessoas.
Desafios Regionais e Soluções Potenciais
Em termos de distribuição geográfica, os estados da Califórnia e Nova York lideram em números absolutos de cidadãos sem residência. Na Califórnia, uma preocupação adicional é que uma grande maioria vive efetivamente nas ruas, desprovida de qualquer abrigo institucionalizado. Essas situações exigem soluções políticas e comunitárias inovadoras para atender as necessidades locais.
A chefe do HUD, Adrianne Todman, enfatiza a importância de abordagens baseadas em evidências para prevenir e resolver a falta de moradia. Políticas públicas que abordem a acessibilidade da moradia, assistência econômica e combate à discriminação sistêmica serão fundamentais para melhorar as condições de habitação e reduzir a população em situação de rua.
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