Pesquisadores encontram estrutura submersa nas profundezas das Bermudas
Escondida em meio às narrativas sobre o Triângulo das Bermudas, a verdadeira curiosidade científica da região está ligada à ilha de Bermuda
Escondida em meio às narrativas sobre o Triângulo das Bermudas, a verdadeira curiosidade científica da região está ligada à ilha de Bermuda e ao que existe sob o fundo do mar.
Pesquisas recentes revelaram uma camada de rocha excepcionalmente espessa sob a crosta oceânica, que ajuda a explicar por que o arquipélago se ergue como um platô no Atlântico Norte e abriga um dos fenômenos geológicos mais singulares conhecidos atualmente.
O que é o inchaço oceânico de Bermuda
A expressão inchaço oceânico de Bermuda descreve uma elevação ampla e suave do fundo do mar ao redor do arquipélago, sem a presença de vulcões ativos ou cadeias de ilhas jovens.
Em outros locais, elevações semelhantes costumam estar ligadas a hotspots do manto, como o Havaí, alimentados por plumas profundas e quentes.
Em Bermuda, o cenário é distinto: a última grande fase de vulcanismo ocorreu há cerca de 31 milhões de anos, mas o platô oceânico continua mais alto que o esperado.
A hipótese é que grandes volumes de material do manto foram empurrados para dentro da crosta, resfriando ali e formando uma massa menos densa que age como uma “jangada” rochosa, mantendo o fundo do mar anormalmente elevado.
Como a camada de rocha sob Bermuda foi identificada
A estrutura geológica de Bermuda foi investigada por meio de dados sísmicos de terremotos distantes, registrados em estações instaladas na ilha.
As ondas sísmicas mudam de velocidade e trajetória ao atravessar materiais de diferentes densidades, permitindo “enxergar” o interior da Terra até cerca de 50 quilômetros de profundidade.
Os resultados revelaram uma camada rochosa com cerca de 20 quilômetros de espessura, incomum em crosta oceânica e menos densa que as rochas vizinhas.
Essa “tomografia” do subsolo reforça a ideia de material do manto injetado na base da placa, ajudando a reconstruir a história geológica de uma área sem muitos afloramentos rochosos na superfície.
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NEW: Bermuda’s waters are hiding a mysterious giant structure that’s ‘unlike anything else on Earth,’ scientists say – NYP pic.twitter.com/YZkJOvoMB8
— Insider Paper (@TheInsiderPaper) December 16, 2025
Quais características tornam a geologia de Bermuda singular
A origem geológica de Bermuda pode estar ligada a processos da época do supercontinente Pangeia, envolvendo regiões profundas do manto ricas em carbono.
Amostras de lava da ilha indicam magmas pobres em sílica e enriquecidos em componentes carbonatados, diferentes dos de muitos outros arquipélagos oceânicos.
Para organizar essas particularidades, pesquisadores destacam alguns pontos principais que ajudam a diferenciar Bermuda de outros contextos vulcânicos oceânicos e a conectar sua história a antigos ciclos tectônicos.
- Composição química singular: lavas com baixo teor de sílica e alto conteúdo de carbono.
- Contexto tectônico distinto: área associada ao antigo núcleo de Pangeia.
- Estrutura profunda anômala: camada espessa e menos densa sob a crosta.
Bermuda é um caso único no Atlântico Norte
As evidências fazem de Bermuda um laboratório natural para estudar limites entre processos “normais” da Terra e situações extremas em que o manto se comporta de modo atípico.
A combinação de inchaço oceânico, espessa camada rochosa e herança de supercontinente sugere um dos exemplos mais singulares de interação entre tectônica de placas e vulcanismo profundo.
Equipes de pesquisa investigam outras ilhas oceânicas em busca de estruturas semelhantes, comparando dados sísmicos e químicos.
Essa abordagem pode revelar se Bermuda é um caso isolado ou parte de um padrão discreto em outros oceanos, deslocando o foco de mitos sobre o Triângulo das Bermudas para enigmas baseados em observações científicas.
Quais etapas compõem a investigação sísmica em Bermuda
O estudo da geologia profunda de Bermuda se apoia em um procedimento padrão na sismologia moderna, que transforma sinais de terremotos distantes em imagens do interior da Terra.
Esse método combina coleta de dados, análise de ondas e comparação com outras regiões oceânicas.
- Coletar registros de terremotos distantes em estações instaladas na ilha.
- Analisar o comportamento das ondas sísmicas ao atravessar a região.
- Reconstruir a estrutura em profundidade a partir de variações de velocidade.
- Comparar os resultados com dados de outros oceanos e arquipélagos.
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