Escada subterrânea que leva à ‘Pompeia perdida’ é descoberta e revela detalhes sobre a vida privada romana
Escada foi identificada na Casa del Tiaso, já conhecida pelos arqueólogos, mas agora com novas revelações
Uma escadaria subterrânea encontrada recentemente em Pompeia revelou uma parte até então desconhecida da cidade romana e reacendeu o interesse pela chamada “Pompeia perdida”.
A descoberta diz respeito aos andares superiores e estruturas ainda soterrados pelas cinzas do Vesúvio, essenciais para entender a arquitetura e a vida privada da elite no século I d.C.
O que a escadaria da Casa del Tiaso revela sobre a Pompeia perdida
A escada foi identificada na Casa del Tiaso, já conhecida pelos arqueólogos, mas agora ligada a novos acessos que provavelmente conduziam a um terraço ou torre privada, e não a simples porões de serviço.
Dali, seria possível observar a cidade, o golfo de Nápoles e o céu noturno, elementos associados a prestígio, contemplação e práticas religiosas na cultura romana.
Modelos 3D do projeto Pompeii Reset indicam que muitos andares superiores seguem soterrados a até cinco metros de profundidade, e a nova escadaria funciona como elo físico entre os níveis já escavados e esse setor oculto, reforçando a hipótese de uma arquitetura vertical mais complexa do que se supunha.
Como os andares superiores mudam a visão sobre a vida privada da elite
A análise da escadaria sugere que a elite de Pompeia mantinha ambientes exclusivos no alto das residências, destinados a confraternizações restritas, negociações discretas e momentos de lazer noturno.
Assim, o luxo não se concentrava apenas em átrios e jardins, mas também em salões e quartos elevados, afastados dos olhares de clientes e vizinhos.
Pesquisadores do parque arqueológico apontam que esses pavimentos altos podem ter abrigado diferentes tipos de ambientes, indicando uma vida doméstica segmentada e hierarquizada dentro da própria casa.
- Salas de banquete refinadas para convidados selecionados;
- Quartos de hóspedes reservados a visitas importantes;
- Terraços panorâmicos para convívio noturno e observação do céu;
- Espaços de culto doméstico dedicados a divindades protetoras.

Por que parte de Pompeia permanece soterrada e como é estudada
Desde 1748, mais de 13 mil cômodos foram identificados, mas cerca de um terço da área urbana continua sob cinzas, e muitos andares superiores seguem colapsados ou enterrados.
A chamada “Pompeia perdida” inclui não só bairros inteiros, mas também níveis superiores e detalhes arquitetônicos que ainda não podem ser totalmente expostos.
Para equilibrar exploração e preservação, arqueólogos recorrem a técnicas não invasivas, como scans a laser, fotogrametria e mapeamento 3D, priorizando o registro digital em alta resolução e escavações pontuais para reduzir danos e guardar informações para futuras gerações de pesquisadores.
Leia também: O que diz a lei sobre todas as casas dessa cidade terem que ter o telhado da mesma cor
Que pistas a arte e a engenharia fornecem sobre torres e terraços
Afrescos e mosaicos de Pompeia e de outras cidades retratam vilas com torres, mirantes e jardins suspensos, sugerindo que estruturas elevadas eram símbolos de status no período imperial.
Essas representações dialogam diretamente com a escadaria da Casa del Tiaso, que se encaixa nesse imaginário de prestígio urbano.
Achados construtivos mostram o uso de concreto romano resistente, capaz de sustentar vários andares e terraços amplos, o que ajuda a explicar a sobrevivência de paredes e escadas após o colapso de 79 d.C. e reforça a ideia de uma cidade muito mais vertical do que a imagem tradicional sugere.
O que a Pompeia perdida representa para a pesquisa futura
A escadaria recém-descoberta deixa de ser um elemento isolado e passa a funcionar como peça-chave na reconstituição da vida privada da elite romana, conectando níveis visíveis e invisíveis da cidade.
Cada novo acesso escavado permite rever ideias sobre organização social, usos do espaço e práticas culturais em Pompeia.
Ao combinar escavações controladas, tecnologias digitais avançadas e leituras interdisciplinares, a “Pompeia perdida” se afirma menos como um mistério oculto e mais como um vasto laboratório em andamento, no qual cada degrau encontrado amplia o entendimento sobre um dos centros urbanos mais emblemáticos do mundo antigo.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)