Documento secreto revela planos russos contra “ordem global”
Ministério russo planeja campanha ofensiva para mudar ordem global e diminuir domínio americano
O ministério das relações exteriores da Rússia elaborou um documento secreto que propõe uma campanha de desinformação ofensiva e outras medidas para enfraquecer seus adversários ocidentais, especialmente os Estados Unidos.
O documento, datado de 11 de abril de 2023 e divulgado pelo “The Washington Post”, quer explorar a guerra na Ucrânia para reformular a ordem mundial, distanciando-a da influência americana.
Conforme o documento, o resultado do conflito na Ucrânia é visto como determinante para as futuras relações globais, enfatizando a necessidade de uma cooperação mais estreita entre Rússia, China, Irã e Coreia do Norte contra a hegemonia do Ocidente. A Rússia acusa os Estados Unidos de liderarem uma coalizão de países hostis que buscam enfraquecê-la, retratando-se como uma ameaça à supremacia ocidental.
O documento sugere que as ações russas já estão em curso, exemplificadas pelo veto da Rússia à extensão do monitoramento de sanções contra a Coreia do Norte, destacando-se como um sinal claro dos esforços em prática. Além disso, a Rússia deveria, segundo o documento, criar dificuldades para os EUA em diversas regiões, incluindo o Oriente Médio, a Ásia nordeste, o continente africano e até na América Latina.
O ministério não comentou a existência ou o progresso do trabalho nesses documentos internos, limitando-se a confirmar que o país continua a combater as medidas agressivas impostas pelo Ocidente no contexto da guerra híbrida contra a Rússia.
As ideias de Dugin na estratégia russa
O documento revelado que sugere uma campanha agressiva para enfraquecer o poderio dos Estados Unidos e reconfigurar a ordem global, está alinhado com ideias do filósofo russo Alexandr Dugin, considerado o ideólogo de Vladmir Putin e dos principais chefes militares do país.
Dugin defende uma Rússia como força central em uma coalizão eurasiana, opondo-se à influência liberal e democrática do Ocidente, particularmente dos EUA. Este pensamento pode ser observado na intenção russa de fortalecer laços com China, Irã e Coreia do Norte, conforme mencionado no documento, visando formar um bloco robusto contra o domínio americano.
O documento também sugere um esforço para minar o suporte ocidental à Ucrânia e desestabilizar a política interna americana e europeia por meio de campanhas de propaganda que fomentam políticas isolacionistas e extremistas. Esta abordagem é coerente com as recomendações de Dugin para que a Rússia exerça sua influência para alterar a dinâmica de poder global, um tema central em seus trabalhos sobre geopolítica.
A abordagem descrita no documento, de explorar pontos vulneráveis nas políticas externa e interna dos países inimigos para desenvolver passos práticos para enfraquecê-los, também reflete a visão de Dugin de uma Rússia ativa e agressiva na cena mundial.
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