O regime de Daniel Ortega intensificou sua repressão à Igreja Católica na Nicarágua, expulsando dom Carlos Enrique Herrera Gutiérrez, presidente da Conferência Episcopal do país.

O bispo de Jinotega foi obrigado a deixar o território nicaraguense e está exilado na Guatemala. O caso ocorreu dias após Herrera criticar um ato do prefeito de Jinotega, aliado do governo, que interrompeu uma missa com música alta em frente à catedral local.

O exílio de dom Herrera faz parte de uma escalada de ações autoritárias contra líderes religiosos. Segundo o jornal local Mosaico CSI, ele foi detido após uma reunião da conferência episcopal em Manágua e enviado à Guatemala na última quarta-feira, 13. Em resposta, o Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) emitiu uma nota de solidariedade, expressando preocupação com a perseguição à Igreja Católica no país e pedindo orações pela volta do bispo.

A repressão religiosa também chamou a atenção dos Estados Unidos. Brian A. Nichols, subsecretário de Estado adjunto para o Hemisfério Ocidental, manifestou preocupação em sua rede social, destacando que “metade dos bispos da Nicarágua não pode voltar para casa”. Ele classificou os ataques de Ortega e da vice-presidente Rosario Murillo como uma tentativa fracassada de enfraquecer a fé católica.

Outros líderes religiosos criticaram a situação. Félix Maradiaga, ex-candidato presidencial, denunciou o caso como “mais um ataque à liberdade religiosa e à dignidade humana”. Arturo McFields, ex-embaixador do país na OEA, chamou o exílio de “crime contra a humanidade”.

A Igreja Católica tem sido alvo do regime desde que apoiou protestos em 2018 contra Ortega, que está há mais de 30 anos no poder. Desde então, mais de 40 padres foram expulsos, e hospitais têm negado acesso ao sacramento da unção dos enfermos.

Com a saída de dom Herrera, restam apenas nove bispos na Nicarágua, todos vivendo sob constante vigilância e ameaça.