Direita nacionalista se aproxima do poder na França. E agora?
“O que eles vão fazer amanhã? Eles vão tomar o Capitólio?”, ironizou Marine Le Pen ao comentar a possibilidade de grandes manifestações da oposição em caso de vitória do seu partido nas eleições que se aproximam
Sondagens publicadas na quarta-feira, 26 de junho, dão ao partido de Marine Le Pen (RN) e seus aliados a liderança com 36% das intenções de voto.
Questionada sobre qual seria a reação das oposições em caso de vitória em duas semanas, Marine Le Pen considerou que “provavelmente haveria manifestações nas ruas”, acusando antecipadamente “a extrema esquerda” de ser “responsável”.
Pelo contrário, “se para nossa maior desgraça” estes mesmos adversários “ganhassem as eleições legislativas, não haveria manifestação nas ruas”, continuou a antiga líder dos deputados do RN.
Acusando a extrema esquerda de “agir sempre através da violência”, a ex-candidata presidencial citou por sua vez os “ataques” às reuniões, a “decadência” dos movimentos sociais e as “manifestações contra o resultado eleitoral”. “O que eles vão fazer amanhã? Eles vão tomar o Capitólio?” ela retrucou ainda – referindo-se ao ataque ao parlamento americano no início de 2021 por partidários de Donald Trump.
Le Pen exortou Emmanuel Macron a “apelar ao respeito pela democracia” em vez de sugerir que poderia haver uma “guerra civil”, como fez no início da semana num podcast.
“A estratégia do medo”
Jordan Bardella, o provável primeiro-ministro em caso de vitória do RN por maioria absoluta, disse, por sua vez, em entrevista nesta quinta-feira, 27, que “não acredita” em motins ou violência caso seja eleito chefe de governo: “Este é o argumento usado pelos nossos adversários numa estratégia de medo”, ironiza o eurodeputado. “Se o RN vencer é porque terá recebido o voto de milhões de franceses, que terão preferido as nossas soluções aos demais projetos em disputa. Teremos, portanto, forte legitimidade para agir”, explica.
De todo modo, o prefeito da polícia de Paris, Laurent Nunez, lembrou na quarta-feira, 26, que as suas tropas estão “preparando-se para gerir todas as configurações”. “Podemos ter manifestações públicas que podem degenerar”, indicou, como aconteceu na capital depois das eleições europeias de 9 de junho. Manifestações que se transformaram em “perambulações selvagens onde foi necessário intervir para evitar danos”.
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