Crusoé: Trump, a volta do cisne negro
O alarmismo de 2016 ajuda a avaliar as expectativas para o retorno de Trump à Casa Branca
Com Donald Trump voltando à presidência dos Estados Unidos, a mídia global está novamente inundada de previsões sobre o que será o primeiro ano de seu segundo mandato.
Manchetes e análises da época previam que seu governo provocaria colapsos institucionais, abalos na economia global e rupturas nas relações internacionais. Agora, com Trump reeleito, a memória daquele momento oferece lições importantes sobre como o alarmismo pode moldar a percepção pública e como lidar com a imprevisibilidade é essencial para prosperar em tempos de incerteza.
Em 2016, boa parte das análises sobre Trump girava em torno de seu estilo imprevisível e de suas promessas de campanha. Um dos temores mais amplamente divulgados era de que ele enfraqueceria instituições democráticas e alianças históricas, como a OTAN.
Trump criticou abertamente os aliados europeus, acusando-os de não contribuírem financeiramente de forma justa. Analistas previram que suas declarações poderiam levar ao colapso da aliança militar mais importante do Ocidente.
No entanto, ao longo de seu governo, Trump pressionou aliados a aumentarem suas contribuições financeiras, mas não retirou os EUA da OTAN, como muitos temiam. A organização continuou a operar como pilar da segurança global, apesar das tensões retóricas.
Outro ponto amplamente discutido em 2016 era o impacto econômico de Trump. Muitos analistas alertaram que sua abordagem protecionista, incluindo a revisão de acordos comerciais como o NAFTA, poderia desestabilizar mercados globais. Previa-se que a imposição de tarifas e a política de “America First” levariam a guerras comerciais devastadoras.
O que ocorreu, no entanto, foi uma renegociação de acordos comerciais, como o NAFTA (substituído pelo USMCA), que manteve as relações comerciais com Canadá e México estáveis. Além disso, o mercado de ações registrou recordes históricos durante o primeiro ano de Trump, e a economia americana viu taxas de desemprego em queda contínua, contrariando os temores iniciais.
Na política externa, Trump foi retratado como um líder que poderia desestabilizar o cenário global. Um exemplo claro foi a preocupação com sua retórica sobre a Coreia do Norte. Durante a campanha, ele prometeu confrontar o regime de Kim Jong-un, levando analistas a preverem uma escalada nuclear iminente.
Embora o tom inicial de sua presidência tenha sido de confronto, com trocas de ameaças públicas entre Trump e Kim, a realidade trouxe uma abordagem diferente. Em vez de guerra, houve esforços inéditos de diálogo, incluindo encontros diretos entre os dois líderes, algo impensável até então.
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