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Crusoé: Os 100 dias de governo Milei na Argentina

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Caio Mattos, De Buenos Aires
5 minutos de leitura 19.03.2024 16:22 comentários
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Crusoé: Os 100 dias de governo Milei na Argentina

Javier Milei completa 100 dias no poder nesta terça-feira, 19 de março, com um governo marcado por ajustes financeiros e embates políticos

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Crusoé: Os 100 dias de governo Milei na Argentina
Foto: Reprodução/X

O presidente da Argentina, Javier Milei, completou 100 dias no poder nesta terça-feira, 19 de março, com um governo marcado por ajustes financeiros e embates políticos.

Crusoé recapitula os principais pontos da gestão do libertário até o momento.

Inflação desacelerando

A principal promessa de campanha do então candidato libertário em 2023 era o controle da inflação, que se encontra em seu pior estado desde a hiperinflação pós-redemocratização, na virada dos anos 1980 a 1990.

Em novembro de 2023, último mês completo do governo anterior, comandado de fato pelo então ministro da Economia, Sergio Massa, a inflação mensal chegou a 12,8%, e a acumulada anual a 160,9%.

A inflação anual da Argentina ao longo do ano passado esteve entre as quatro maiores em todo o mundo, segundo dados do Fundo Monetário Internacional.

Milei conseguiu desacelerar a espiral inflacionária. Depois de um pico mensal em dezembro, com cerca de 25%, a inflação cresceu apenas 20% em janeiro e 13% em fevereiro.

A expectativa do governo é que chegue a dígito único em meados deste 2024.

A desaceleração da inflação se deve, dentre outros fatores da política econômica de Milei, ao controle dos gastos públicos.

Superávits financeiros

O mantra da política de Milei e sua principal conquista até o momento é o controle do déficit fiscal, ou seja, garantir que o Estado gaste menos do que arrecada.

Por dois meses seguidos, o governo conseguiu superávits financeiros, que incluem pagamentos de dívidas e juros.

Em fevereiro, o saldo das contas do governo foi de 338 bilhões de pesos e, em janeiro, de 518 bilhões de pesos.

A Argentina não tinha nenhum superávit financeiro ao mês havia mais de uma década.

A forma como o governo mantém esse superávit não é sustentável ao longo prazo.

Milei depende de reformas estruturais que não conseguiu ainda implementar pela falta de apoio no Legislativo.

Leia também: O que a última medida de Milei diz sobre a economia da Argentina

Falta de apoio no Congresso

O calcanhar de Aquiles do governo Milei é a falta de apoio político.

O partido do presidente, Partido Libertário, mal tem seis anos de existência, enquanto a sua coalizão, A Liberdade Avança, nem tem a metade disso.

Assim, apesar de conseguir vencer o segundo turno presidencial, em novembro, com mais de 55% dos votos, o presidente não garantiu base no Congresso.

Milei tem apenas 37 deputados e 7 senadores próprios, enquanto ele precisa de 129 votos na Câmara e 37 no Senado para ter maioria.

Mesmo se incluir os congressistas do partido do ex-presidente Mauricio Macri, aliado do libertário, o governo só chega a 79 deputados e 16 senadores, sendo alguns desses críticos de Milei.

Nesse cenário de desvantagem no Congresso, o presidente optou por uma estratégia de confronto à oposição, tanto a kirchnerista quanto a dialoguista, composta por forças provinciais e por desafetos de Macri.

O ápice das provocações se deu quando o gabinete do presidente publicou em seu perfil oficial no X uma lista de “traidores” que “votaram contra o povo” após o plenário da Câmara dos Deputados derrubar um mega projeto de lei de reformas chamado ómnibus, no início de fevereiro.

Confronto com governadores

O fracasso do pacotão de reformas ómnibus também envolveu a falta de articulação com os governos provinciais, que participaram das negociações visto a força de seu lobby no Congresso, com dezenas de deputados e senadores.

O embate entre Milei e os governadores começa com o corte de repasses federais às províncias como medida de controle do déficit fiscal.

A Casa Rosada cortou em mais de 80% esses repasses em janeiro, comparado ao mesmo mês em 2023, e, assim, economizou 300 bilhões de pesos.

Em contrapartida, criou-se um desgaste político com os governadores, que não só contribuiu para a derrubada do pacotão ómnibus como também em uma quase rebelião na Patagônia.

Os cinco governadores da região sul do país lançaram, no início de fevereiro, um ultimato para o retorno dos repasses federais e ameaçaram cortar o fornecimento de petróleo e gás ao restante da Argentina.

Eles tiveram o apoio moral de todos menos um dos 24 governadores do país.

Enquanto questão dos cortes de repasses é judicializada, a Casa Rosada conseguiu desarmar a rebelião e se aproximar dos governadores.

Em seu discurso no plenário da Câmara dos Deputados em 1º de março, na abertura do ano legislativo, Milei convocou uma articulação com os governadores visando a um pacto de reformas estruturais a ser firmado em meados de maio.

O governo se reuniu com representantes de todas as províncias na Casa Rosada no início de março.

O objetivo da articulação política é compensar os governadores pela perda de arrecadação e, em troca, receber apoio no Congresso para passar suas reformas econômicas de base.

Reformas econômicas travadas

Devido à falta de apoio político, o governo…

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