Crusoé: Oportunismo irresponsável
Lula tenta posar de democrata e promotor da paz na ONU, mas é criticado por apoiar ditaduras e usar a guerra em proveito pessoal
Deu tudo errado em Nova York. Lula embarcou com uma comitiva de mais de 100 pessoas para discursar na Assembleia-Geral da ONU, com a meta de posar como o grande paladino da democracia e como uma pessoa indispensável para promover a paz no mundo. Mas, ao longo da semana, ele recebeu recados diretos de outros chefes de governo que derrubaram a sua máscara e mostraram a real: o petista apoia o ditador venezuelano Nicolás Maduro e usa os conflitos mundiais de maneira oportunista. Os dias nos Estados Unidos foram um desastre de relações públicas.
Como de costume, o representante do Brasil foi o primeiro a discursar, ainda na terça, 24. “No Brasil, a defesa da democracia implica ação permanente ante investidas extremistas, messiânicas e totalitárias, que espalham o ódio, a intolerância e o ressentimento”, disse o presidente. “Presenciamos dois conflitos simultâneos com potencial de se tornarem confrontos generalizados (…). Na Ucrânia, é com pesar que vemos a guerra se estender sem perspectiva de paz. Já está claro que nenhuma das partes conseguirá atingir todos os seus objetivos pela via militar. O recurso a armamentos cada vez mais destrutivos traz à memória os tempos mais sombrios do confronto estéril da Guerra Fria. Criar condições para a retomada do diálogo direto entre as partes é crucial neste momento.” Nenhuma citação foi feita à Venezuela, país vizinho e origem de 123 mil refugiados que vivem no Brasil.
Sempre que um presidente brasileiro fala do púlpito da ONU em Nova York, há reações favoráveis e contrárias dentro do país. A diferença este ano é que Lula foi contestado prontamente por chefes de governo em eventos oficiais.
Na ânsia de tisnar seus rivais internos como antidemocráticos, o governo brasileiro organizou um encontro em Nova York com o título “Em defesa da democracia. Combatendo o extremismo“. O presidente americano, Joe Biden, ignorou o convite e enviou um oficial de segundo escalão. Um dos que toparam participar foi presidente chileno Gabriel Boric, de esquerda. Ao assumir o microfone, ele criticou o que chamou de “venezuelização” da política interna brasileira. “As violações dos direitos humanos não podem ser julgadas conforme a cor do ditador de turno que o violar, ou do presidente que os violar, seja (Benjamin) Netanyahu em Israel, (Nicolás) Maduro na Venezuela, (Daniel) Ortega na Nicarágua ou Vladimir Putin na Rússia”, disse Boric.
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