Crusoé: O que pode mudar na França com vitória de Marine Le Pen
Marine Le Pen promoveu uma reforma em seu partido, o antigo Frente Nacional, limpando-o dos traços de antissemitismo
O partido Reagrupamento Nacional, RN (Rassemblement Nacional, em francês), de Marine Le Pen e Jordan Bardella (foto), foi o grande vitorioso no primeiro turno das eleições parlamentares na França deste domingo, 30 de junho, com 33% dos votos. O segundo turno está marcado para o domingo, 7.
O resultado do primeiro turno, que já era previsto pelas pesquisas, suscitou reportagens na imprensa sobre os perigos dessa vitória, que seria “a primeira da ultradireita desde o governo colaboracionista” com os nazistas na Segunda Guerra Mundial.
Há um claro exagero aí, como apontou Catarina Rochamonte em um artigo para O Antagonista. Desde 2015, Marine Le Pen promoveu uma reforma em seu partido, o antigo Frente Nacional, limpando-o dos traços de antissemitismo (até mesmo afastando seu pai, Jean Marie). Com isso, o ódio aos judeus se encontra muito mais hoje na esquerda radical europeia do que na direita. Também não se fala mais no RN em expulsar imigrantes ilegais ou em sair da União Europeia.
Há ainda limites institucionais na República francesa e na União Europeia que impedem um governo extremista e que atenuam posições radicais ou muito indigestas.
Um exemplo é a conhecida proximidade de Marine Le Pen com o ditador russo Vladimir Putin. Seu partido já foi foi acusado de receber crédito de um banco russo, em 2018. Ela já falou em reduzir as sanções impostas ao Kremlin (algo que o governo Lula também defende) e sempre evitou criticar o ditador. Mas essa amizade já encontrou seus limites.
Desde a invasão russa da Ucrânia, em 2022, Marine tem se distanciado de Putin e da Rússia. Na segunda, 24, Jordan Bardella, o jovem presidente do Reagrupamento Nacional que pode se tornar o próximo primeiro-ministro francês, afirmou aos aliados europeus que, no caso de uma vitória de seu partido, a França manteria o apoio à Ucrânia.
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