Crusoé: o que diz pesquisa do governo sobre reforma do Judiciário no México
Oposição questiona metodologia não divulgada; Morena não havia revelado nem quais eram os institutos que realizariam os levantamentos
Duas pesquisas contratadas pelo Morena, partido hegemônico do México, apontam que cerca de 80% da população apoiaria a reforma do Judiciário que o governo pretende avançar após a vitória nas eleições gerais de 2 de junho.
Os resultados foram anunciados nesta segunda-feira, 17 de junho, pela virtual presidente eleita do país, Claudia Sheinbaum (foto), que venceu o pleito no início do mês com 60% dos votos segundo a contagem preliminar da Justiça eleitoral.
O termo “virtual” é usado pela imprensa mexicana pelo fato de a eleição ainda não ter sido certificada por trâmites de praxe.
Em seu pronunciamento nesta segunda, Sheinbaum usou os levantamentos para legitimar a reforma, que tem como principal ponto a eleição de juízes das mais altas Cortes por voto popular.
“Há mais pessoas ou percentagens que concordam. Vencemos as eleições com 59%, mais de 59% consideram que é necessária uma reforma e mais de 59% concordam que deveria haver eleições diretas”, disse a virtual presidente eleita do México.
Após a eleição de 2 de junho, a coalizão governista garantiu maioria qualificada, ou dois terços dos assentos, na Câmara dos Deputados, e deve ficar a apenas dois no Senado.
Portanto, o Morena não precisará negociar reformas constitucionais com a oposição na Câmara baixa e, a depender de ausências em plenário, nem na alta.
O que dizem as pesquisas?
O Morena contratou os institutos Enkoll e De Las Heras para realizar as pesquisas. O partido também realizou um terceiro levantamento por conta própria.
Segundo o estudo Enkoll, 83% dos mexicanos apoiam a reforma do Judiciário em geral. O De Las Heras fala em 77%.
Os números são menores, entretanto, sobre o principal ponto da proposta do Morena, a eleição para ministros da Suprema Corte por voto popular. Eles caem para 75% e 68%, respectivamente.
O Enkoll entrevistou 1.202 pessoas em domicílio sexta-feira, 14 de junho, e domingo, 16. O estudo do instituto De Las Heras alcançou 1.195 pessoas nas mesmas condições.
Quão transparentes foram as pesquisas?
Antes do anúncio dos resultados, a oposição na Câmara dos Deputados do México questionou a credibilidade da pesquisa sem metodologia divulgada.
O Morena não havia revelado quais eram os institutos que realizariam os levantamentos, quando os anunciou na semana passada.
“O Morena não é a voz de todos os mexicanos, 30 milhões de cidadãos votaram em Claudia Sheinbaum, mas há mais de 60 milhões de outros que não votaram nela e também têm o direito de participar das decisões; Devem ser um governo responsável e não fazer declarações ou atos que coloquem em risco a nossa economia nacional”, afirmou o deputado Jorge Romero, líder do Partido Ação Nacional (PAN) na Câmara, no domingo.
Qual é o problema da reforma do Judiciário?
O problema…
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