Crusoé: O maior desafio à ditadura chavista
Venezuela realiza eleições neste domingo, 28 de julho, com regime de Nicolás Maduro em franca desvantagem e dúvidas sobre a disposição dos militares em apoiá-lo caso perca
Os próximos dias parecem representar o maior desafio à ditadura chavista na Venezuela desde janeiro de 2019, quando Juan Guaidó foi proclamado presidente interino do país com apoio dos Estados Unidos, do Brasil e de dezenas de outros países.
Os venezuelanos votam neste domingo, 28, para o Executivo. Nicolás Maduro afirmou que a Venezuela cairá em um “banho de sangue” caso ele perca o pleito. A declaração foi forte demais até para o aliado Lula passar pano. Fato é que a oposição venezuelana lidera as intenções de votos, em muito. Os levantamentos mais recentes dos três maiores institutos de pesquisa dão de 50% a 70% das intenções de votos ao candidato da oposição, o diplomata Edmundo González Urrutia. Maduro nem passa dos 18%. Além das pesquisas, os comícios da oposição vêm atraindo milhares de pessoas, enquanto que os do oficialismo são protagonizados por pelegos que cobram gasolina e dinheiro para comparecer.
O que Maduro mais tema é uma alta taxa de participação no domingo. Quanto maior for a taxa de comparecimento entre os 21,5 milhões de eleitores da Venezuela, mais difícil será fraudar o pleito, porque o regime não tem controle total sobre a contagem. “A maioria dos mecanismos de segurança da votação funcionam”, diz o cientista político venezuelano José Vicente Carrasquero, da Faculdade de Miami-Dade, na Flórida. A eleição é realizada por voto eletrônico com recibo impresso. Quando a oposição boicotou as eleições legislativas de 2017, o regime fabricou ao menos um milhão de votos de um total de oito milhões, segundo relatório da empresa responsável pelas urnas eletrônicas, Smartmatic. Essa foi a única vez que a Smartmatic detectou fraude na contagem desde 2004, quando começou a fornecer as urnas eletrônicas na Venezuela. A empresa não viria a participar da votação de 2018, que reelegeu Maduro.
Como qualquer autocrata, Maduro se sustenta no poder menos pela fraude na contagem que pela perseguição aos opositores. Apenas nesta campanha eleitoral, o regime barrou duas candidaturas. Dentre elas, a da líder de facto da oposição, María Corina Machado, que ganhou as primárias da coalizão com 90% dos votos.
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