Crusoé: Lula perde um amigo e ganha um inimigo em Portugal
O ex-primeiro-ministro socialista António Costa renunciou após se envolver em um escândalo de corrupção
A vitória da coalizão Aliança Democrática, de centro-direita, em Portugal neste domingo, 10, deve alterar drasticamente a relação entre o futuro governo do país e o Brasil de Lula.
O petista tinha uma ótima relação com o ex-primeiro-ministro António Costa (foto), do Partido Socialista, que renunciou após ser citado em uma investigação de corrupção em negócios no setor energético. O próximo governo provavelmente será uma coalizão entre o Partido Social Democrata, PSD, da centro-direita tradicional, com o Chega, de André Ventura, de direita populista.
No início de março, Ventura disse que, caso seu partido vencesse as eleições, Lula seria impedido de entrar no país. “O governo não vai deixar entrar esses corruptos internacionais todos em nosso território (…) Já temos muitos corruptos. Não precisamos que venham outros de fora (…) O Lula ficará no aeroporto e não entrará no país. Se insistir, vai parar na cadeia, o que não será uma grande novidade para ele“, disse ele.
O Chega colocou o combate à corrupção como um de seus temas centrais. Ventura tinha por costume criticar Lula porque, dessa forma, acabava batendo, por tabela, em José Sócrates, seu rival do Partido Socialista.
José Sócrates foi primeiro-ministro entre 2005 e 2011. Em 2014, foi detido ao voltar para seu país após uma temporada na França, e permaneceu 11 meses preso, suspeito de corrupção, lavagem de dinheiro e fraude fiscal, num caso que envolve a farmacêutica suíça Octapharma.
Algumas das suspeitas não se sustentaram na Justiça, mas, mesmo assim, o socialista foi apartado da vida partidária. Sócrates é amigo de Lula e governou Portugal mais ou menos no mesmo período dos dois primeiros mandatos do petista no Palácio do Planalto (2003-2010).
No final do ano passado, quando outro primeiro-ministro do Partido Socialista, António Costa, ainda no cargo, foi envolvido em um escândalo de desvio de dinheiro, o discurso anticorrupção do Chega ganhou tração entre os eleitores.
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