Crusoé: Lula e Maduro conversando sobre paz?
Telefonema fora da agenda oficial expõe o dilema do governo diante da ‘radioatividade política’ representada pelo regime
O presidente Lula (PT) e o ditador venezuelano Nicolás Maduro conversaram, na última passada, sobre a “paz na América do Sul e no Caribe”.
As informações foram confirmadas pelo Palácio do Planalto ao G1.
A ligação telefônica, porém, não constava na agenda oficial do petista.
Soltou a mão?
O Brasil não tem relevância nem moral para se meter nas negociações, nem poderia oferecer um refúgio para Maduro.
A pressão americana transformou Maduro em uma figura altamente radioativa politicamente.
“O desgaste de uma vinda de Maduro seria enorme, pois o governo brasileiro ficaria isolado e associado à defesa de um ditador. Isso ainda poderia gerar um custo político pesado nas urnas, com a oposição explorando a narrativa de que Lula apoia regimes autoritários“, diz o economista Igor Lucena.
A oposição brasileira percebe o desgaste e já utiliza o assunto em seus discursos, como no caso o governador de Goiás, Ronaldo Caiado: “Se você quer ter opção do ‘Lula-Maduro’, fique com eles. (…) Nós queremos seriedade. Queremos a lei. Esse é o divisor de águas, o divisor de águas é moral. Moral, tá certo?“, disse o político goiano após a megaoperação no Rio.
Com menos de um ano para as eleições, acolher Maduro seria um tiro no pé para o governo Lula.
Joesley chanceler
O empresário Joesley Batista, sócio da J&F, chegou a viajar a Caracas, em 23 de novembro, para tentar convencer Maduro a renunciar.
Segundo a Bloomberg, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estava ciente do encontro.
“Joesley Batista não é representante de nenhum governo”, afirmou a J&F à agência.
Joesley Batista ajudou a costurar o encontro entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir o tarifaço.
O empresário confirmou a informação durante viagem do presidente Lula (PT) e sua comitiva ao sudeste asiático, da qual os irmãos Batista fizeram parte.
“Temos bons amigos, e tem muita gente que gosta do Brasil, apesar de outros não gostarem”, disse ao PlatôBR.
Os irmãos Batista são próximos do embaixador Richard Grenell, conselheiro de Trump.
A tentativa de Joesley, porém, fracassou. Maduro permanece em Caracas.
Amorim não quer pressão
O assessor especial de Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, disse ao jornal britânico The Guardian que o Brasil não pretende pressionar o ditador a deixar a Venezuela.
“Se Maduro chegar à conclusão de que deixar o poder é o melhor para ele e para a Venezuela, será uma conclusão dele… O Brasil jamais imporá isso; jamais dirá que isso é uma exigência… Não vamos pressionar Maduro para que renuncie ou abdique”, disse.
Para Amorim, uma eventual….
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