Crusoé: Keir Starmer é a esquerda britânica que passou por uma longa depuração
O novo primeiro-ministro do Partido Trabalhista não é antissemita e nem tem posições contra Israel, quer reduzir a imigração ilegal e não pensa em voltar para a União Europeia
A principal qualidade do novo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer (na foto, com a esposa), é que não há muito o que falar dele.
Um repórter do jornal britânico Guardian, com viés claro de esquerda, saiu pelas ruas do distrito de Holdborn and St Pancras, na Grande Londres, para perguntar sobre o que os seus habitantes achavam de Starmer. Para sua surpresa, os moradores não o conheciam ou não sabiam o que comentar.Starmer nunca teve uma grande causa, pela qual se tornou famoso. Advogado por formação, ele enveredou pela defesa dos direitos humanos. Trabalhou como uma espécie de defensor público, defendendo condenados, e depois se tornou o procurador-geral do Reino Unido.Nesse período, a conquista que ele mais se orgulha foi ter comandado a transformação dos processos em papel para arquivos digitais. Nada que empolgue nos dias de hoje, portanto.Quando seus colegas o elogiam, dizem que ele é bom em adaptar suas posições para diferentes audiências. É uma pessoa flexível e aberta para negociações.O melhor, então, é falar sobre o que Keir Starmer não é.Ele não é antissemita. Aliás, todo o contrário. Starmer foi um dos principais algozes de seu antecessor na liderança do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn.Em 2016, quando Corbyn foi acusado de antissemitismo, Starmer era ministro do “gabinete das sombras” e cuidava da pasta de imigração (na tradição democrática britânica, a oposição monta um gabinete com todos os ministros para poder estudar e criticar o governo nos diversos temas). Starmer foi um dos ministros que renunciaram em protesto após a denúncia contra Corbyn. Com isso ajudou a derrubá-lo.Em 2020, Corbyn foi suspenso da liderança da legenda após um relatório de 130 páginas sobre antissemitismo dentro do partido, abrindo caminho para Starmer. Na época, o atual primeiro-ministro publicou uma nota prometendo tolerância zero com o preconceito contra judeus e criticando o antecessor: “O relatório mostra falhas claras na liderança, nos processos e na cultura em lidar com o antissemitismo dentro do nosso partido“.
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