Crusoé: Faz o “M”, de Milei ou Macri?
Assim como no Brasil, com Bolsonaro e Marçal, a Argentina vive uma contestação pela liderança da direita
Não é apenas no Brasil que existe uma tensão na direita. Na vizinha Argentina, o presidente Javier Milei entrou em conflito com o ex-mandatário Mauricio Macri, que contribuiu para duas derrotas do governo no Congresso neste final de agosto. Primeiro, no dia 21, o ex-mandatário mobilizou 20 dos 49 deputados de seu partido, o Proposta Republicana (PRO), para votar contra uma medida provisória que aumentava o orçamento na área de inteligência. No dia seguinte, 22, foi a vez de senadores do PRO votarem a favor de uma proposta de lei da esquerda para aumentar as aposentadorias, em choque com a política de austeridade da gestão libertária. Nesta ocasião, Macri se desvinculou da votação e criticou seus senadores no X. Milei então o alfinetou: “Se considero sua publicação, significa que ele não sabe manejar a tropa”. De fato, o PRO havia votado com a base governista na Câmara, em favor do projeto de lei.
Nos bastidores, Milei e Macri tentam apaziguar a relação. Segundo a imprensa argentina, o presidente e o ex-mandatário mantém a cordialidade nas conversas de Whats App — o libertário usa o pronome “usted”, marca de formalidade, para se referir a Macri. A dupla também jantou duas vezes no palácio presidencial, em Olivos, ao norte da cidade de Buenos Aires, na última semana. A primeira janta teve milanesas, prato favorito de Macri. Segundo o porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, os dois buscaram “melhorar a coordenação” entre seus blocos. O PRO, que não integra a base governista, é fundamental para Milei avançar com a sua agenda. Os libertários sozinhos têm apenas 37 de 257 deputados e 7 de 100 senadores.
Macri se aproximou de Milei em especial desde o segundo turno das eleições presidenciais de 2023, quando o PRO passou a apoiar o então candidato. Com experiência de duas décadas na política e um partido estabelecido, o ex-presidente passou a servir de padrinho político do novato Milei, que entrou na política em 2021. A influência de Macri no governo é incontestável, com seus aliados em dois dos ministérios mais importantes. Ex-presidenciável do PRO, que acabou em terceiro em 2023, Patricia Bullrich é ministra de Segurança Pública, mesmo cargo que ocupava no governo Macri, entre 2015 e 2019. Outra reprise do macrismo é o ministro Luis Caputo na Economia. Para agrado de Macri, Caputo tem sido importante em desencorajar Milei de abolir o peso e fechar o Banco Central. Essas foram duas das propostas mais marcantes da campanha libertária.
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