Crusoé: Cubanos garantem sobrevida de Maduro
Ex-chanceler mexicano argumenta que um contingente de Cuba atua como a "guarda pretoriana" de Nicolás Maduro, impedindo qualquer levante efetivo contra ele
Apesar de toda a pressão internacional para a divulgação das atas da farsa eleitoral de 28 de julho e para uma transição pacífica de governo ao candidato da oposição Edmundo González Urrutia, vencedor de fato do pleito, o ditador venezuelano Nicolás Maduro tem se segurado no poder, apoiado pela Assembleia Nacional, pelo Supremo Tribunal de Justiça e pelos militares alinhados ao regime chavista.
No entanto, o ex-ministro das Relações Exteriores do México Jorge Castañeda alerta que qualquer esforço para a remoção de Maduro do cargo será em vão enquanto outra ditadura, a de Cuba, estiver ao lado do líder venezuelano.
“Sem a cooperação cubana é impossível”, disse Castañeda em entrevista ao portal argentino Infobae.
O ex-chanceler argumenta que um contingente cubano atua como a “guarda pretoriana” de Nicolás Maduro na Venezuela, impedindo qualquer levante efetivo contra ele.
“O Exército venezuelano está sob constante vigilância, supervisão e intervenção do aparelho de inteligência cubano, que é extremamente competente. Eles são pessoas muito, muito boas. Evitaram qualquer tentativa de derrubar Fidel ou Raúl Castro durante 65 anos, e sabe-se lá quantas tentativas de assassinato de um ou de outro. Eles são muito bons no que fazem. Além disso, esses cubanos são 100% leais a Cuba. Não para Maduro, para Cuba. Enquanto Cuba decidir apoiar Maduro, farão tudo o que for necessário para mantê-lo no poder. Isso (o apoio a Maduro) não aconteceria em um exército ou um aparelho de segurança que não fosse estrangeiro”, afirma Castañeda, que escreveu vários livros sobre a América Latina.
“Os exércitos nacionais, incluindo generais, coronéis ou tenentes, respondem frequentemente às exigências da sociedade ou dos poderes de fato. Isso aconteceu muitas vezes na América Latina e em outras partes do mundo. Se alguém quisesse influenciar, derrubar um líder, poderia fazê-lo, mas neste caso, a presença dos cubanos neutraliza qualquer influência externa. No entanto, não é só isso. Pensemos no empresariado, na sociedade civil, na classe média e até nas classes populares, que têm impacto nos exércitos. Na Venezuela, um coronel encarregado da segurança num bairro popular pode chegar a sua casa e ouvir a sua mulher queixar-se porque não há comida, papel higiênico, pasta de dentes ou medicamentos para o seu filho doente. Essa pressão familiar pode ter impacto nas decisões dos militares. Mas essa dinâmica não existe no caso do contingente cubano, porque a esposa desses oficiais cubanos não está na Venezuela. Ele está em Cuba.”
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