Crusoé: Casa Branca faz pedido inusitado a jornalistas
Presidência dos Estados Unidos chegou a cobrar associação de jornalistas por itens furtados de avião que leva Joe Biden
A cena parece saída de um filme de Hollywood: um agente da Casa Branca encontra um repórter embaixo da estátua do ex-presidente Andrew Jackson na Lafayette Square, a poucos passos da Casa Branca. Ao contrário dos filmes, a estátua do sétimo presidente americano, é palco de uma cena curiosa: não é o assessor palaciano que entrega algum segredo de Estado, mas sim o repórter, que devolve uma fronha roubada do Air Force One, o avião presidencial.
A história é fruto de um esforço da Casa Branca para reaver os itens da aeronave mais vigiada do planeta — mas que, ainda sim, vinha sendo pilhado por dentro. Os culpados? Jornalistas credenciados a cobrir Joe Biden, interessados em algum souvenir do Boeing 747.
Em fevereiro, a situação chegou a um ponto que a presidente da Associação de Correspondentes na Casa Branca, Kelly O’Donnell, se sentiu obrigado a passar uma reprimenda institucional a todos: segundo descreveu o site americano Politico, a jornalista veterana da NBC News lembrou seus pares que o furto de pequenos itens era ilegal e que isso não ajuda em nada a imagem da imprensa americana.
A prática entre a sanha dos jornalistas não seria de hoje, e envolveria tudo o que pudesse ter a insígnia do Air Force One: cálices para whisky, garrafas de vinho, o que houvesse pela frente. “No meu primeiro voo, uma pessoa disse que eu devia levar o copo”, contou um repórter (anonimamente) ao portal, “porque todo mundo faz isso.”
Durante um tempo, explica a matéria, isso gerou situações dignas de uma sitcom: um senador que, ao acompanhar as viagens presidenciais, tentou levar “tudo o que não era parafusado”; o repórter que ofereceu um jantar com todas as peças douradas com a insígnia da aeronave; e o desembarque na base aérea em Washington, quando as mochilas dos repórteres tilintavam com o som da porcelana roubada do avião batendo em seu interior.
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