Crusoé: As chances de Kamala
A candidata democrata está um pouco à frente de Trump nas pesquisas, mas isso não é garantia de vencer no Colégio Eleitoral
A democrata Kamala Harris está em seu melhor momento na corrida presidencial dos Estados Unidos. Nas pesquisas de intenção de voto, ela está um, dois ou três pontos percentuais à frente do republicano Donald Trump, a depender do agregador de pesquisas. Com 59 anos, Kamala não carrega consigo a principal desvantagem do presidente Joe Biden, que era sua idade avançada. Nos últimos dias, ela atraiu os holofotes da mídia, turbinou a arrecadação da campanha, recrutou voluntários e lotou comícios. Mas o resultado desta eleição ainda é impossível de prever. Se o pleito fosse hoje, a vantagem de Kamala nos votos totais ainda não seria suficiente para lhe garantir uma vitória no Colégio Eleitoral, a instituição que efetivamente decide quem será o próximo presidente. Ela ainda tem um grande desafio pela frente, que é mostrar aos americanos quais são suas posições em vários temas, sem desagradar potenciais votantes.
No agregador de pesquisas do site Real Clear Politics, Kamala tem 48,1% e Trump, 47,1%. A vantagem é de apenas um ponto. No do site FiveThirtyEight, ela tem 46,2% e ele, 43,5% — diferença de 2,7 pontos. Em um sistema eleitoral como o brasileiro, Kamala estaria eleita caso esses números se confirmassem nas urnas. Mas não funciona assim nos Estados Unidos. Vale lembrar que, em 2016, a democrata Hillary Clinton teve 2,8 milhões de votos a mais que seu concorrente, o republicano Donald Trump, mas perdeu na contagem do Colégio Eleitoral: 227 contra 304 de Trump. Em agosto daquele ano, Hillary estava bem mais à frente de Trump, com uma diferença de seis pontos — bem mais do que Kamala neste momento.
O que distorce o resultado nos Estados Unidos é que, na grande maioria dos estados, os candidatos mais votados levam todos os delegados que representam aquele estado no Colégio Eleitoral. Trata-se de uma instituição que só se reúne após as eleições, com a função de escolher o próximo presidente. Nessa configuração, a importância dos estados-pêndulo aumenta exponencialmente. Nesses locais, em que tanto republicanos quanto democratas podem ganhar, um candidato que tenha pouco mais da metade dos votos pode levar todos os seus delegados, desequilibrando a disputa.
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