Crusoé: A interminável crise em que a França ainda banca a metrópole
Nesta semana, Paris decretou emergência e proibiu o TikTok para conter manifestações em uma colônia sua no Pacífico, a mais de 15 mil km da Torre Eiffel
O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, ordenou nesta quarta-feira, 15, a suspensão do TikTok na Nova Caledônia, uma das últimas colônias francesas no oceano Pacífico. A ilha, que é pouco menor que o estado de Sergipe e tem cerca de 280 mil habitantes, fica a cerca de 15 mil quilômetros da Torre Eiffel, mas mantém o Euro como sua moeda, o francês como idioma oficial e o padrão de vida europeu.
A região, no entanto, é instável social e politicamente: desde 2020, esta é a segunda vez que a ilha, localizada próxima da costa da Austrália, encontra-se em convulsão social.
Na primeira vez, em 2020, a mineradora brasileira Vale era uma das personagens principais — a decisão da empresa em se desfazer de uma mina de níquel na ilha levou a uma série de protestos de rua que levou à queda do governo local, além da presão pelo terceiro referendo de independência em quatro anos (sob boicote dos pró-independência, 96,5% dos nativos votaram por permanecer vinculados a Paris).
Agora, as manifestações são motivadas por uma reforma eleitoral, aprovada pelo parlamento em Paris, que permitirá aos franceses que já moraram na ilha por pelo menos 10 anos a votar nas eleições regionais. A decisão enfureceu os Kanak, grupo étnico que historicamente habita o local e é a maioria da população em algumas áreas.
Vendo o risco de que seu voto possa ser diluído com a entrada de mais eleitores europeus, o grupo passou aos protestos violentos na rua. Até esta quinta-feira, 16, quatro pessoas haviam morrido (todas Kanak) morreram, com mais de 300 feridos.
“Nenhuma violência será tolerada”, disse Gabriel Attal, ao autorizar que soldados franceses sejam usados para defender o principal porto e o principal aeroporto da ilha.
A região do Pacífico ainda conta com uma presença da metrópole francesa mesmo nos dias de hoje.
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