Crusoé: A embaraçosa entrevista do “concorrente” de Putin na Rússia
Nikolay Kharitonov — um dos dois concorrentes a presidente russo— foi entrevistado pela BBC inglesa sobre seus planos de governo e visão de mundo
Há outros dois candidatos na eleição russa desse final de semana que vai referendar mais um mandato para Vladimir Putin, há quase 25 anos no comando sobre o Kremlin. Um deles, o candidato do tradicional Partido Comunista da Rússia, parece satisfeito em cumprir o seu papel de figurante, dando um verniz de democracia a uma eleição onde o atual presidente mata dissidentes, sufoca protestos e impede candidatos de concorrer.
É o caso de Nikolay Kharitonov, um velho deputado há quase 30 anos na Duma, o parlamento do país. Nesta semana, o editor da do serviço russo da BBC, Steve Rosenberg, foi atrás de ouvi-lo sobre seus planos de governo, visões de mundo e sobre Putin.
O resultado foi uma postura embaraçosa para quem, ao menos no papel, desafia um autocrata.
“Por que você acha que seria um presidente melhor do que Putin?”, questiona o repórter. “Não cabe a mim dizer”, responde o candidato. “Isso não seria certo.”
O repórter insiste na pergunta — “Os eleitores é que devem decidir”, retruca o candidato. O entrevistador, insistente, questiona a terceira vez. “Não importa o que eu penso. Cabe aos eleitores”. Em seguida, como se fosse a coisa mais normal do mundo, ele passa a elogiar Vladimir Putin, que teria tirado a Rússia pós-União Soviética das seguidas crises causadas pelo governo de seu antecessor, Boris Yeltsin (1991-1999).
O posicionamento de Kharitonov difere radicalmente de Boris Nadezhdin, o candidato barrado de concorrer pelo Kremlin por supostamente ser competitivo demais. “É absolutamente impossível dizer que as nossas eleições presidenciais são justas e livres”, disse o político ao editor da BBC.
A postura servil do candidato do partido comunista não surpreende, já que ele apoia a invasão russa à Ucrânia. Como membro do parlamento, liderou uma lista de sancionados pelo governo dos EUA por integrar o governo russo durante a invasão dos territórios de Kiev.
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