Crianças ucranianas encontradas em sites de adoção russos Crianças ucranianas encontradas em sites de adoção russos
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Crianças ucranianas encontradas em sites de adoção russos

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Redação O Antagonista
6 minutos de leitura 12.06.2024 13:29 comentários
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Crianças ucranianas encontradas em sites de adoção russos

Crianças sequestradas durante a invasão russa à Ucrânia foram colocadas para adoção pela Rússia, revela investigação

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Crianças ucranianas encontradas em sites de adoção russos
Foto: Reprodução/X Volodymyr Zelensky

Uma investigação realizada pelo Financial Times (FT) revelou que crianças ucranianas estão sendo colocadas para adoção pelas autoridades do país do ditador Vladimir Putin, sob identidades falsas.

Elas foram sequestradas e levadas para a Rússia durante os primeiros meses da invasão russa em 2022.

Utilizando ferramentas de reconhecimento de imagem, registros públicos e entrevistas com autoridades ucranianas e parentes das crianças, o FT identificou e localizou quatro dessas crianças no site de adoção ligado ao governo russo, usynovite.ru.

Crianças com nomes russos

Essas descobertas somam-se às crescentes evidências que apontam para supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos pela Rússia.

No ano passado, o Tribunal Penal Internacional, TPI, emitiu um mandado de prisão do presidente Vladimir Putin, acusando-o de participar do sequestro de crianças ucranianas.

A investigação revelou que uma das crianças aparece com um nome russo e idade diferente dos documentos emitidos pelo governo ucraniano. Outra criança aparece com uma versão russa de seu nome ucraniano. Não há menção sobre a origem ucraniana dessas crianças.

As crianças foram sequestradas de abrigos estatais e separadas de seus guardiões e parentes em cidades das regiões sul e leste da Ucrânia, que caíram sob o controle do Exército invasor russo em 2022. Atualmente, essas crianças têm entre oito e 15 anos.

De acordo com o FT, os menores identificados foram localizados nas regiões de Tula, próxima a Moscou, e Orenburg, próxima à fronteira com o Cazaquistão. Uma das crianças foi levada para a Crimeia ocupada.

A investigação teve apoio do New York Times, que confirmou dezessete correspondências adicionais no site de adoção, todas elas referentes a crianças ucranianas levadas para a Rússia. Essas crianças eram provenientes de um lar infantil em Kherson.

Mandados de prisão para Vladimir Putin

O Tribunal Penal Internacional emitiu mandados de prisão para o presidente e ditador da Rússia, Vladimir Putin, e para a Comissária dos Direitos da Criança, Maria Lvova-Belova, responsabilizando-os criminalmente pelo crime de guerra de deportação ilegal das crianças.

O Kremlin não respondeu aos pedidos de comentários sobre as descobertas do FT e nega o sequestro das crianças.

Putin assinou decretos para agilizar a cidadania russa para as crianças ucranianas sequestradas e levadas para a Rússia.

As autoridades ucranianas estimam que quase 20 mil crianças foram levadas à força para a Rússia desde o início da invasão em fevereiro de 2022. Infelizmente, muitas delas ainda estão desaparecidas.

Famílias das crianças sequestradas

Enquanto as famílias das quatro crianças localizadas pelo FT se recusaram a falar detalhadamente sobre a situação por medo de represálias, outras famílias cujas crianças foram levadas para a Rússia e conseguiram retornar à Ucrânia relataram experiências terríveis.

Essas famílias descreveram que as crianças foram coagidas a assistir à propagandas do Kremlin. Elas foram mantidas contra a vontade, sem contato com parentes e foram forçadas a adotar identidades russas. Muitas mencionaram abusos verbais e físicos por parte de crianças russas e cuidadores.

Até o momento, a Ucrânia repatriou 389 crianças que foram levadas para a Rússia.

O escritório do Comissariado de Direitos Humanos da Ucrânia e o Centro de Proteção dos Direitos da Criança estão trabalhando em conjunto para confirmar as identidades de dezenas de outras crianças ucranianas levadas para a Rússia e que foram sinalizadas pelo FT. Essa colaboração visa trazer essas crianças de volta para suas casas, na Ucrânia.

“Precisamos trazer nossas crianças de volta”, diz Zelensky

Na semana passada, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, usou sua conta no X, antigo Twitter, para agradecer aos países parceiros o apoio após a Principal Diretoria de Inteligência da Ucrânia (HUR) afirmar que mais de 20 mil crianças foram sequestradas pela Rússia desde a invasão em 2022.

A Rússia afirmou que levou centenas de milhares dos nossos filhos. Somente os piores criminosos fazem essas coisas. Devemos trazer nossos filhos de volta. Agradeço ao Catar e a outros parceiros por nos ajudarem neste esforço. Juntamente com os nossos parceiros, também estamos trazendo de volta os nossos soldados capturados“, escreveu o presidente ucraniano.

Juntos, estamos trazendo de volta crianças ucranianas que foram deportadas para a Rússia dos territórios ocupados do nosso país. Sabemos, com certeza, que cerca de 20 mil crianças ucranianas foram sequestradas e levadas para a Rússia. Sabemos seus nomes“, afirmou Zelensky.

“Genocídio cultural”

A HUR criou um banco de dados de “todos os envolvidos na deportação de crianças ucranianas: funcionários que tomam decisões, [e] participantes de organizações de ‘reeducação’ de jovens”, entre os quais estão cúmplices ucranianos de militares russos.

Os mais de 200 indivíduos nomeados foram categorizados como “organizadores” ou “executores” da deportação. O banco de dados lista os nomes oficiais de cada um, sua data e local de nascimento, número de imposto, cargo ou ocupação oficial e descrição de seu envolvimento nos sequestros.

Entre os que foram nomeados está Maria Lvova-Belova, comissária da Rússia para os direitos das crianças e alvo de mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) ao lado do ditador russo Vladimir Putin por seu papel no rapto de crianças ucranianas.

O banco de dados também inclui chefes de administrações locais e organizadores de acampamentos juvenis na Rússia destinados a “russificar” as vítimas.

Até o momento da reportagem, cidadãos bielorrussos como Dzmitry Shautsou, chefe da unidade bielorrussa da Cruz Vermelha, suspenso por seu papel no sequestro de crianças ucranianas, não haviam sido incluídos no banco de dados.

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