Bolívia decide novo presidente em eleição sem esquerda
Disputa marca o fim de quase duas décadas de domínio do MAS, partido fundado por Evo Morales
Mais de 7,5 milhões de bolivianos vão às urnas neste domingo, 19, para escolher o próximo presidente em um segundo turno inédito desde a reforma constitucional de 2009. A disputa marca o fim de quase duas décadas de domínio do Movimento ao Socialismo (MAS), partido fundado por Evo Morales, e ocorre em meio a uma grave escassez de combustíveis na Bolívia.
Os eleitores decidirão entre o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, da aliança Liberdade e Democracia, e o senador Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão.
O segundo turno representa uma virada na política boliviana. Com Evo Morales impedido de se candidatar e o atual presidente, Luis Arce, fora da disputa, a esquerda chegou apenas à quarta colocação no primeiro turno, realizado em agosto.
Os candidatos
Filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora, Rodrigo Paz, de 58 anos, defende um “capitalismo para todos” e a descentralização do Estado.
Ele promete congelar contratações e atividades de empresas estatais deficitárias, além de reequilibrar as contas públicas sem recorrer a novos empréstimos internacionais.
Seu adversário, Tuto Quiroga, de 65 anos, governou o país entre 2001 e 2002, após a renúncia do ditador Hugo Banzer.
Com um perfil mais liberal, o ex-presidente propõe retomar o diálogo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e contrair novos créditos externos para conter a crise cambial e estabilizar o fornecimento de combustíveis.
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Pesquisas
Pesquisas divulgadas pela Ipsos-Ciesmori para a rede Unitel apontam vantagem de Quiroga, que aparece com 47% das intenções de voto contra 39,3% de Paz.
Outros levantamentos, porém, indicam empate técnico.
Cerca de 10% dos eleitores permanecem indecisos, o que pode definir o resultado da disputa.
Escassez de combustível
O pleito acontece em meio à pior escassez de combustível das últimas décadas. A crise é consequência direta da falta de dólares nas reservas internacionais, que limita a importação de gasolina e diesel.
A Bolívia depende de importações para atender cerca de 56% da demanda interna de gasolina e quase todo o consumo de diesel.
A estatal YPFB enfrenta dificuldades para pagar fornecedores estrangeiros, o que agravou a crise nas últimas semanas. O Tribunal Supremo Eleitoral, no entanto, garante que o material de votação chegará a todos os locais previstos.
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Crise
Quem vencer neste domingo terá de lidar com uma economia em queda e com a desconfiança da população.
O país registrou recessão de 2,4% no primeiro semestre, a primeira em quase 40 anos. A produção de gás natural, uma das principais fontes de receita, caiu quase 13% no segundo trimestre.
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Comentários (2)
Marcia Elizabeth Brunetti
19.10.2025 07:54E o mais animados é que um dos candidatos aparecia nas pesquisas entre 3º e 5º lugar. O que nos dá esperança que Lula, que está sempre entre 1º e 2º sejam pesquisas manipuladas.
Marcia Elizabeth Brunetti
19.10.2025 07:44Espero que no Brasil tenhamos uma final ( 2º turno) assim: duas Direitas. Vai ser muito mais fácil de votar. E Lula que arrume sua malinha pois acabou para ele.