As provocações de Netanyahu e a mensagem do Parlamento sobre Estado Palestino
Primeiro-ministro alfinetou parlamentares de oposição em discurso no Knesset: “Vocês já teriam se rendido há muito tempo”
O ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, chamou de “mensagem forte para o mundo” o resultado de uma votação realizada no Parlamento do país, o Knesset, na quarta-feira, 17 de julho.
“A decisão de ontem do Knesset contra o estabelecimento de um Estado palestino, que foi aprovada por uma maioria de 68 deputados contra 9 deputados dos partidos Hadash e Ra’am, é uma mensagem forte para o mundo sobre o nosso direito à Terra de Israel e sobre a oposição da opinião pública israelense ao estabelecimento de um Estado palestino que poria em perigo a segurança de Israel e seria uma recompensa para o Irã e para o Hamas após os atos de violação e assassinato de 7 de outubro. Somente uma FDI (Força de Defesa de Israel) forte protegerá a segurança dos judeus e do Estado de Israel”, comentou Katz no X nesta quinta-feira, 18.
O plenário do Knesset, que já havia aprovado por grande maioria em fevereiro uma resolução afirmando que se opõe ao reconhecimento internacional unilateral de um Estado Palestino, aprovou dessa vez a seguinte declaração apoiada pelos grupos parlamentares Likud, Shas, Sionismo Religioso, Otzma Yehudit, Judaísmo da Torá Unida, Yisrael Beitenu e Nova Esperança – A Direita Unida:
“O Knesset de Israel se opõe firmemente ao estabelecimento de um Estado Palestino a oeste da Jordânia. O estabelecimento de um Estado Palestino no coração da Terra de Israel representaria um perigo existencial para o Estado de Israel e seus cidadãos, perpetuaria o conflito israelo-palestino e desestabilizaria a região.
Será apenas uma questão de pouco tempo até que o Hamas assuma o Estado Palestino e o transforme em uma base terrorista islâmica radical que opera em coordenação com o eixo liderado pelo Irã para eliminar o Estado de Israel. Promover a ideia de um Estado Palestino neste momento seria uma recompensa pelo terrorismo e só encorajaria o Hamas e seus apoiadores, que verão isso como uma vitória graças ao massacre de 7 de outubro de 2023 e um prelúdio para a tomada do Oriente Médio pelo Islã jihadista.”
Guerra contra o Hamas
Na quarta, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (foto) ainda discursou no Knesset sobre a guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza, valorizando sua insistência em combater o grupo terrorista até o fim, mesmo, segundo ele, sob a pressão contrária de parlamentares de oposição (que o interromperam diversas vezes), de setores da imprensa e da comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos.
“Estamos avançando metodicamente para alcançar os objetivos da guerra: libertar os reféns, eliminar o Hamas e garantir que Gaza não represente mais uma ameaça a Israel.
Estamos alcançando esses objetivos graças à combinação de pressão militar e política, e posso dizer com certeza que o Hamas está realmente sob pressão. O Hamas está sob pressão porque entende que não estamos desistindo, que não vamos ceder. E estamos nessa situação apenas porque insistimos, diante de enormes pressões internas e externas, do mundo, também dos Estados Unidos.
Insisti em não parar a guerra, insisti em manter nossas exigências, insisti em ouvir nossos soldados heróicos, nossos excelentes comandantes, para manter a pressão, enquanto muitos aqui em casa, e nos estúdios de TV e por toda parte, explicavam que era impossível derrotar o Hamas. Explicavam que existe uma ideologia. Que não se pode derrotar uma ideologia.
Bem, existe uma ideologia chamada nazismo. Os neonazistas ainda existem na Alemanha. Mas há 80 anos eliminaram o regime nazista e é isso o que vamos fazer, é eliminar esse regime neonazista em Gaza, eliminar uma ideologia.
Vamos eliminar as capacidades governamentais e militares do Hamas, e estamos avançando passo a passo, enquanto muitos, em casa, explicaram que ‘não há motivo para entrar em Rafah, que não há razão para tomar o Corredor Filadélfia e, além disso, os Estados Unidos se opõem, os Estados Unidos estão retendo armas, e se entrarmos em Rafah, isso destruirá todo o sistema’. ‘Destruiria nossa relação com a América, dependemos totalmente dos Estados Unidos. Como poderíamos ir contra isso? Como poderíamos insistir em entrar em Rafah?’
E eu disse, o que também disse ao meu amigo, o presidente Biden, não temos escolha, temos que fazer. O que nos pediram foi parar a guerra depois que entramos, contra a opinião de muitos, em uma operação terrestre. Conquistamos a Cidade de Gaza, entramos em Shifa, entramos nos estacionamentos, entramos, estávamos prestes a entrar em Rafah, e nos disseram para parar.”
“Quem disse?”
“Quem disse?”, questionou uma parlamentar.
“O presidente Biden e toda a comunidade internacional, e muitos aqui também nos disseram para parar, que já era suficiente, que podemos encerrar a guerra, que precisamos negociar, que precisamos entender que não é possível vencer o Hamas.”
Netanyahu comparou a situação à da Alemanha nazista, para argumentar que seria “inaceitável” desistir de derrotar Adolf Hitler.
“‘Hitler está em Berlim, tudo bem, podemos acabar com a guerra agora!’ Bem, isso é inaceitável. Eu tinha que fazer isso, e enfrentei todas essas pressões. A resposta é que o Oriente Médio aprecia os fortes e determinados”, disse ele, turbinando gritos de protesto de parlamentares de oposição.
“Também estou a caminho dos Estados Unidos para falar pela quarta vez perante as duas casas do Congresso, para me encontrar com o presidente Biden e outros. Agora, eles nos disseram que o Hamas não era flexível, que tínhamos atingido o limite de nossas capacidades, eles nos disseram que o Hamas não concordará em libertar reféns sem que concordemos antecipadamente em acabar com a guerra, mas de repente ele concorda… Ele não concordará que maximizaremos o número de libertados…
E eu digo a vocês: quanto mais persistirmos na pressão, mais ele cederá. Esta é a única maneira de libertar os meninos e as meninas, as mulheres e os homens, os jovens e os idosos, os vivos e os que já se foram. Eu acho que, se dependesse de vocês na oposição, nos estúdios, nos bastidores, vocês já teriam se rendido há muito tempo. Teriam acabado com a guerra e aceitado o primeiro acordo sem a eliminação dos comandantes”, provocou Netanyahu, citando uma lista de vantagens militares conquistadas e, claro, sendo interrompido por reações no plenário.
Mas o primeiro-ministro continuou.
“A chave é pressão, pressão e mais pressão. E quero compartilhar com vocês dois segredos: primeiro, a pressão de que estou falando deve ser direcionada ao Sinwar [líder do Hamas em Gaza], não ao primeiro-ministro de Israel.
Segundo, a pressão de vocês sobre mim não vai adiantar. O espírito do povo e a bravura dos combatentes pavimentam o nosso caminho. Estou determinado a libertar todos os reféns e também a vencer a guerra. Esta é a vitória absoluta”, concluiu.
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