Aristocrata e juíza golpistas julgados na Alemanha
O grupo, que não reconhece a legitimidade do estado alemão, planejava criar um clima de caos com atos terroristas para facilitar uma tomada violenta do poder
Nesta terça, 21, a Justiça alemã iniciou o julgamento de nove acusados de liderarem uma rede conhecida como “União Patriótica”. A rede foi desbaratada em dezembro de 2022 e é suspeita de planejar um golpe de Estado.
O grupo, que não reconhece a legitimidade do estado alemão, planejava criar um clima de caos com atos terroristas para facilitar uma tomada violenta do poder. O julgamento, que ocorre em Frankfurt, atraiu grande atenção por incluir figuras como Heinrich XIII, “príncipe” de Reuss, e Birgit Malsack-Winkemann, juíza e ex-deputada do partido Alternativa para a Alemanha (AfD).
Heinrich XIII, um aristocrata do estado da Turíngia, é apontado como um dos líderes da conspiração e teria buscado apoio do governo russo para o golpe. Malsack-Winkemann, que exerceu mandato no Bundestag de 2017 a 2021, é acusada de facilitar o acesso dos conspiradores a edifícios parlamentares. Outros réus incluem ex-militares e um ex-policial.
As investigações revelaram que a “União Patriótica” organizou exercícios de tiro e espionou o Bundestag como preparação para a invasão. A acusação afirma que o plano incluía a tomada do Parlamento para prender os deputados e derrubar o sistema democrático. A complexidade do caso faz com que todos os procedimentos judiciais só devam ser concluídos em 2025.
A rede também tinha conexões com o movimento Reichsbürger, que rejeita a moderna democracia alemã e acredita em um conglomerado de teorias da conspiração, incluindo a influência de uma elite global secreta. As autoridades continuam a monitorar e desmantelar células associadas a esses grupos extremistas.
Este julgamento é apenas uma parte dos processos contra os membros da rede, com outros julgamentos previstos para Frankfurt e Munique nos próximos meses.
A história por trás do golpismo
A Alemanha é uma república há mais de 100 anos e, apesar de não ter príncipes ou reis oficiais, alguns aristocratas ainda usam títulos nobiliárquicos hereditários. Heinrich XIII, 71, pertence à Casa de Reuss, uma antiga linhagem real que governou partes do que hoje é a Turíngia até 1918. A família Reuss tem ligações familiares em toda a Europa, incluindo a família real britânica.
Em uma tradição que data do século XII, todos os herdeiros masculinos da Casa de Reuss são chamados Heinrich, seguidos de um número, em homenagem a Heinrich VI, que reinou como rei da Alemanha e imperador do Sacro Império Romano até sua morte em 1197.
Heinrich XIII foi preso em sua residência em Frankfurt em dezembro de 2022. Ele é acusado de tentar obter apoio de representantes da Rússia para derrubar o governo alemão, embora os promotores afirmem que não há evidências de que os oficiais de Moscou tenham reagido positivamente ao pedido.
A Casa de Reuss já havia se distanciado de Heinrich XIII antes de sua prisão. Heinrich XIV, parente distante e chefe da casa, descreveu-o como um “velho confuso” envolvido em teorias da conspiração. Heinrich XIII argumenta que a Alemanha moderna não é um estado soberano e defende a restauração da monarquia, refletindo crenças comuns entre conspiracionistas na Alemanha.
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