Argentina e outros 4 países mostram a Brasil como lidar com Maduro
Enquanto isso, o governo Lula, cuja política externa é submetida ao hoje assessor especial Celso Amorim, ignora o autoritarismo de Maduro
A Argentina e outros quatro países latinoamericanos publicaram, nesta sexta-feira, 19 de julho, uma declaração conjunta em crítica ao avanço da perseguição do regime de Nicolás Maduro à oposição a pouco mais de uma semana das “eleições” presidenciais de 28 de julho na Venezuela.
O texto é co-assinado pelos também governos democráticos de Uruguai, Paraguai, Costa Rica e Guatemala.
“Os Governos da Argentina, Costa Rica, Guatemala, Paraguai e Uruguai, em relação ao processo eleitoral na República Bolivariana da Venezuela e às eleições presidenciais marcadas para o próximo dia 28 de julho, têm acompanhado com preocupação o assédio e a perseguição contra líderes e apoiadores do oposição venezuelana, bem como contra membros da sociedade civil, incluindo a detenção arbitrária de numerosas figuras relacionadas com a oposição, o que ameaça a realização de um processo eleitoral legítimo“, diz a declaração.
Os cinco países democráticos a divulgaram um dia após a líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado — que foi barrada de se candidatar e teve diversos integrantes de campanha detidos e sequestrados — anunciar que que ela e sua equipe sofreram um atentado em Barquisimeto, estado de Lara, após dois dos veículos em que viajavam terem sido vandalizados.
O combustível foi drenado e os freios, cortados.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) divulgou nota para condenar “o ataque relatado por María Corina Machado, no qual foram cortados os cabos dos freios de seu veículo, ocorrido em 18 de julho em Barquisimeto, estado de Lara”.
Ainda nesta semana, Maduro chegou a afirmar que a Venezuela pode cair em “banho e sangue” caso ele perca a farsa eleitoral em 28 de julho.
“O destino da Venezuela no século 21 depende de nossa vitória em 28 de julho. Se não quiserem que a Venezuela caia em um banho de sangue, em uma guerra civil fratricida, produto dos fascistas, garantamos o maior êxito, a maior vitória da história eleitoral do nosso povo”, disse o ditador em comício na quarta-feira, 17.
Leia na íntegra a declaração conjunta de Argentina, Uruguai, Paraguai, Costa Rica e Guatemala:
Os Governos da Argentina, Costa Rica, Guatemala, Paraguai e Uruguai, em relação ao processo eleitoral na República Bolivariana da Venezuela e às eleições presidenciais marcadas para o próximo dia 28 de julho, têm acompanhado com preocupação o assédio e a perseguição contra líderes e apoiadores do oposição venezuelana, bem como contra membros da sociedade civil, incluindo a detenção arbitrária de numerosas figuras relacionadas com a oposição, o que ameaça a realização de um processo eleitoral legítimo
Neste sentido, exigimos a cessação imediata do assédio, perseguição e repressão contra ativistas políticos e sociais da oposição, bem como a libertação de todos os presos políticos. Da mesma forma, exigimos que o governo da Venezuela cumpra com as suas obrigações de acordo com o Direito Internacional, particularmente no que diz respeito à emissão de salvo-conduto aos membros da campanha de oposição a quem foi concedido asilo na sede diplomática da República Argentina em Caracas.
Sem prejuízo destas circunstâncias de grande adversidade e preocupação internacional, observamos com esperança a civilidade, o entusiasmo e o patriotismo de grande parte da sociedade venezuelana, que se prepara para ir às urnas com louvável dignidade e espírito democrático.
As próximas eleições na Venezuela representam uma oportunidade para trazer paz, unidade, progresso e democracia ao país. Isto só será possível se as autoridades venezuelanas cumprirem rigorosamente os compromissos assumidos com a oposição nos Acordos de Barbados e se os princípios democráticos forem respeitados, bem como os direitos humanos e as liberdades fundamentais de todos os venezuelanos.
Instamos que o resultado das eleições seja um reflexo fiel da soberania popular venezuelana e isso só pode ser alcançado através do respeito absoluto aos princípios democráticos e aos direitos humanos fundamentais, garantindo a transparência do processo eleitoral e a liberdade de expressão dos cidadãos através do voto.
Os países signatários sublinham que, numa democracia, a soberania reside nos cidadãos, pelo que a vontade do povo deve poder ser expressa sem intimidações e obstáculos. Portanto, o resultado das eleições venezuelanas, para a sua legitimidade, deve ser o reflexo transparente da vontade popular livremente expressa nas urnas.
Enquanto isso, o Brasil…
Enquanto isso, o governo Lula, cuja política externa é submetida ao hoje assessor especial Celso Amorim, ignora o autoritarismo de Maduro.
Questionado sobre a declaração do “banho de sangue” em entrevista à GloboNews nesta sexta, Amorim disse que não acredita que vá haver banho de sangue. Segundo ele, “não é desejável esse tipo de declaração, mas eu não acredito que ela se materialize. E também, ele não colocou como um banho de sangue imediato….”, disse o ex-chanceler, percebendo que estava indo por um caminho arriscado e emendando:
“Não vou justificar, não, que eu acho que realmente é errado. Não se fala em sangue na época da eleição. Na eleição, você fala em voto, e não fala em sangue.”
Na sequência, o assessor de Lula enfim caiu na tentação de defender Maduro: “Mas eu tenho a impressão, sendo, digamos, talvez um pouco compreensivo, que ele estava se referindo a longo prazo, luta de classes, coisas desse tipo, coisa que, de qualquer maneira, não deveria falar”.
Já o Itamaraty preferiu simplesmente não dizer nada sobre Maduro.
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